quinta-feira, 31 de julho de 2008

Dedicatória ao LÁZARO!(onde estarão as similitudes?)


Francisco Lázaro (1888-1912) é, porventura, a maior lenda do desporto português.



Estocolmo 1912, era a primeira participação portuguesa nos Jogos Olímpicos e, simultaneamente, o culminar de um processo iniciado por Dom Carlos Rei de Portugal, que segundo conta a tradição, a pedido de Pierre de Coubertin, indicou o Dr. António Lencastre médico da Casa Real como Encarregado de Negócios do Comité Olímpico Internacional (COI) em Portugal. O que é facto, é que esta nomeação foi aceite por António Lencastre e por ele formalizada por carta de 9 de Junho de 1906, dirigida a Pierre de Coubertin. Esta é, na realidade, a data da institucionalização do Olimpismo em Portugal e aquela que em respeito pela verdade histórica devia ser comemorada pelo Comité Olímpico de Portugal.

Francisco Lázaro, carpinteiro de uma fábrica de carroçarias de automóveis na Travessa dos Fiéis de Deus no Bairro Alto em Lisboa, foi o porta-estandarte aos Jogos da V Olimpíada da era moderna.

A partida para a Maratona foi dada às onze e meia da manhã debaixo de um calor sufocante. Trinta e dois graus à sombra.

Até desfalecer Lázaro correu sempre no grupo da frente. Reza a história que antes da partida Lázaro afirmou solenemente “Ou ganho ou morro”. E assim se cumpriu o destino.

Anos mais tarde, Armando Cortesão colega de Lázaro na fatídica participação olímpica de 1912, explicou o drama (Correia, Romeu, 1988): "O Lázaro morreu por dois motivos: primeiro, porque se untou com sebo. Fui eu e o Fernando Correia, quando ele não aparecia à partida na maratona, que o procurámos no balneário e o encontrámos a besuntar-se com sebo. Não faço a menor ideia como Lázaro conseguiu arranjá-lo. Eu e o Fernando Correia ainda tentámos que ele tomasse banho, mas não havia tempo. E ele lá foi correr a maratona todo besuntado com sebo, com os poros da pele tapados, o que impedia a transpiração cutânea nessa parte do corpo... E outra coisa: só ele e um japonês é que foram de cabeça descoberta àquele sol…”
Francisco Lázaro com o seu procedimento entrou em desequilíbrio hidro-electrolítico irreversível e, em consequência em colapso. Acreditamos que assim tenha sido, mas não só.

Ao tempo o problema da “emborcação” tudo indica era muito comum entre os atletas não só do pedestrianismo como do ciclismo. Por isso aquela não tinha sido certamente a primeira vez que Lázaro se untava com aquele tipo de emborcação. Este tipo de substâncias fazia parte da cultura do tempo pelo que não pode ser vista aos olhos dos nossos dias. No “Tiro e sport” de 15 de Setembro de 1910, num artigo encomendado pelo próprio director do jornal, intitulado "A Emborcação no Treino" A. Malheiro escrevia:

“Devemos partir do principio de que é com a Emborcação que vamos assegurar a elasticidade e perfeita maleabilidade dos musculos de que se exigem os esforços mais effectivos, tornando-os insensiveis á dôr e á fadiga, e evitar quanto possível as caimbras que têm sido e serão sempre o inimygo irreductivel de todos aquelles que se dedicam ao sport.”

E a receita de A. Malheiro até era divulgada na mesma edição, para quem a quisesse preparar:

* Claras d'ovos – 4;
* Gemma d'ovo – 1;
* Agua distillada – 450 grs;
* Essencia de terebinthina rectificada – 700 grs;
* Acido acético – 700 grs.

Contudo, o verdadeiro problema de Lázaro não se deve ter ficado pela essência de terebintina e o ácido acético. Ao tempo, a emborcação ia bem mais longe. De facto, a comunicação social informou que Lázaro abusava da estricnina. E a este respeito, A. Malheiro no "Tiro e Sport" desiludia os ingénuos: “Não se julgue que é só com as applicações da Emborcação que se obtem a energia precisa, para se operarem esforços violentos. É um engano.”
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E continuava: “… todos aquelles que se dedicam ao sport e que precisam de dispender na sua pratica uma grande somma de forças, devem tonificar o systema nervoso e para isso nada mais proprio do que o uso da Kola (sterculia acuminata). Zimmermann. Jacquelin e outros, e entre nós José Bento Pessoa, reconheceram nos seus tempos aureos, os grandes beneficios do uso da Kola e a ella deveram uma grande parte das victorias, que os tornaram celebres no mundo sportivo.”

4 comentários:

Anónimo disse...

Pode ou não considerar-se estas práticas como doping? E as medalhas que o corredor tem na foto como e onde foram ganhas? Sabes cada coisa, Moço, que me pões a cabeça a 360 graus . Xi. Maria Bernarda

CLAP!CLAP!CLAP! disse...

ahahaa 360º?
isso é um ângulo giro!!!

Anónimo disse...

Pois é giro, sim senhor! Quer dizer que dou uma volta completa, não percebo nada, volto ao mesmo sítio e fico virada do avesso. Entendes, Moço Bonito?Maria Bernarda

CLAP!CLAP!CLAP! disse...

Atão te Baptizo de :
Maria Avessadas!