domingo, 12 de abril de 2009

A repetir



Uma maratona a deambular e a desenhar pelas ruas do Porto

12.04.2009, Mariana Duarte

Captar pormenores e registá-los no papel teve pouca adesão, mas muitos desenhos

A O esboço evolui com agilidade, em formas geométricas e traços espontâneos. O edifício que aloja o Taverna, um dos muitos bares da Praça da Ribeira, começa a crescer no papel com todos os pormenores da "arquitectura irregular" que caracteriza o Porto. "Gosto de desenhar edifícios antigos, porque têm mais detalhes", diz Daniel Ruas, estudante de Pintura de Belas-Artes, que ao longo da tarde de ontem participou na segunda edição portuense da Maratona Mundial do Desenho SketchCrawl, no Porto.
Na verdade, esta segunda edição funcionou mais como uma primeira edição da iniciativa. "Em Janeiro foi só para ver como era; participámos apenas dois", refere João Brandão, o mentor desta iniciativa no Porto.
A partir do fórum oficial do projecto, todos aqueles que queiram "juntar pessoas que gostem de desenhar" podem inscrever a sua cidade na rota do SketchCrawl. Foi o que fez João Brandão. "O Porto tem um potencial enorme de desenho, pois tem um património muito rico", afirma o estudante de Artes Digitais e Multimédia da Escola Superior de Artes e Design, enquanto ensaia traços arquitectónicos e humanos. "Gosto de desenhar pessoas e edifícios." Aqui o desenho é livre; o importante é imprimir no papel o olhar individual de cada um.
Foi exactamente para "partilhar sensibilidades" que o artista norte-americano Enrico Casarosa criou esta iniciativa global, que vai já na sua 22.ª edição. Depois de muitas maratonas, Casarosa decidiu "andar pelos parques, ruas emblemáticas e locais de interesse a desenhar a cidade, as pessoas, as paisagens" com o grupo de amigos. A partir daí, propagou a ideia a várias cidades do mundo. Em Portugal, o SketchCrawl decorreu em Lisboa e no Porto, em simultâneo com cidades como São Paulo e Paris.
Entre os seis participantes, todos ligados às artes, havia três alunos de Erasmus a desenhar o Porto. "É uma boa cidade para passar para o papel", afirmava Mirko, que veio da Áustria para estudar Pintura na Faculdade de Belas-Artes das Universidade do Porto. As "casas antigas" que se acomodam sobre o rio Douro são o objecto de desenho preferido daqueles que não estão habituados a observar a cidade.

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