segunda-feira, 6 de abril de 2009

Linha do Tâmega


Linha do Tâmega: 100 anos em Amarante
2009-03-20

Nuno Silveira
Corria o ano de 1905 quando se inicia a construção da Linha do Tâmega na Livração. De via reduzida, um metro entre carris, esta linha teve o seu terminus em Arco-de-Baúlhe e foi considerada como complementar da Linha do Douro.
O crescimento da extensão do Caminho-de-Ferro fazia sentir o aumento do progresso nas terras que assim esperavam o comboio, ao ser criado um meio de transporte quase único.
Em 20 de Março de 1909 o comboio chegou a Amarante para que no dia seguinte, em 21 de Março de 1909 fosse inaugurado este troço ferroviário. Em 23 de Outubro de 1921 chega a primeira composição dos Caminhos-de-Ferro do Estado a Gatão. Após 5 anos foi vez de receber o comboio, a freguesia da Chapa e daí partir para Terras de Basto onde chegou em 1932 a Celorico de Basto e em 15 de Janeiro de 1949 também foi vez de Arco de Baúlhe inaugurar a sua estação, passando também a integrar a rede ferroviária nacional.
Com muitos altos e baixos, esta linha de caminho-de-ferro foi vivendo até que o Governo em 1988 mandou encerrar esta linha no troço entre Amarante e Arco de Baúlhe, fazendo acontecer o mesmo em outras linhas estreitas em determinados troços, o que se veio a concretizar em Janeiro de 1990. Foi com grande tristeza que algumas estações e apeadeiros ficaram ao total abandono e posterior degradação. A partir dessa altura, ficaram em serviço apenas os 12,5 km entre as estações de Amarante e Livração.
No ano de 2000 as velhinhas automotoras suecas Nohab vermelhas e brancas foram substituídas pelas LRV2000, automotoras estas que mais parecem verdadeiros autocarros em cima de carris, mantendo os serviços ferroviários num vaivém diário entre as duas estações. Assim, em 21 de Março deste ano assinala-se os cem anos da chegada do comboio a Amarante. E o futuro? Vale a pena apostar nestas linhas estreitas? A minha opinião reflecte-se na minha consciência que me diz que sim. Sim. Sim. Sim. É verdade que a Linha-do-Tâmega tem baixa procura. É verdade que por vezes, a receita dos bilhetes dos poucos passageiros que nela circulam, não pagam sequer o combustível gasto pela automotora. E a solução é encerrar como aconteceu em 1990? Se calhar, para quem não faz nada e não quer fazer, seria a solução mais fácil.
Mas afinal porque existem doutores e mais doutores, engenheiros, técnicos e afins se ninguém consegue pôr uma linha de caminho-de-ferro desta envergadura, funcional tentando sempre minimizar as despesas? Se a electrificação da Linha-do-Douro vier a concretizar-se da estação de Caíde até ao Marco de Canaveses, a própria Linha do Tâmega vai ter um aumento significativo de viajantes. Assim, vai haver melhores condições de circulação entre o Marco de Canaveses e o Porto em via Larga, com carruagens modernas, silenciosas, atractivas com o público e os Amarantinos podem eventualmente deslocar-se até á capital de distrito com outra qualidade que não agora.
Mas também não é preciso esquecer que a Linha do Tâmega também existe. Existe, há cem anos até Amarante. O material circulante não é o mesmo, os carris e travessas possívelmente também não o são. Mas na minha opinião seria preciso investir nesta linha para poder servir melhor as populações. O dinheiro gasto nos 10 km de Ecopista entre Amarante e Chapa, não daria para modernizar a Linha do Tâmega entre Amarante e Livração nos seus 12,5km? Não haveria mais retorno financeiro? O próprio traçado da linha que é o mesmo de há cem anos, precisaria de ajustes em algumas curvas para que possibilitasse o aumento da velocidade das automotoras, assim como os carris e travessas que em parte deveriam ser substituídos, com o objectivo de proporcionar mais conforto e redução do tempo de viagem. Amarante ficava em muito a ganhar! Haja vontade política e haja investimento no Caminho-de-Ferro!

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