domingo, 17 de agosto de 2008

A Ana desejou e a Passiflora Maré disse:


As mães.
As mães das mães
Da praça Tiananmen
Santa Maria de Iquique
Liquiçá
Haymarket
Nisoor
Auschewitz
Sibéria...
Fizeram nascer os generais, os ditadores...

As Mães das praças de Maio
fizeram nascer seus filhos
Sonhadores
Anónimos
Inocentes
Violentados
Desaparecidos
Oprimidos.

Sonhavam algumas mães com pássaros guardiões
Flores em vez de balas, deuses libertadores.
Enquanto outras sonhavam com grilhões
Canhões e paradas militares.

Sonhavam uns filhos
Com as mil cores das bolas de sabão
Barcos de papel, baloiços de árvore
Atlas em árvore para ver as montanhas
e o mar ao longe!
Sonhavam outros filhos
Com jogos de guerra
Soldado, capitão, general...

Mas há praças onde nunca brilham
as mil cores das bolas de sabão.
Os cravos nunca nascem
Nas bocas de fogo das metralhadoras.
Os pássaros não poisam em madeiros humanos.
Os ramos de oliveira não servem de bandeira!
E a coroa de louros não simboliza a glória!

Há mães de paz...

Mas há praças de guerra...
Publicada por Passiflora Maré em 12:00 4 comentários

5 comentários:

Passiflora Maré disse...

O Título está muito bem conseguido e embora o texto tenha sido feito a pensar noutra pintura não ficou mal nesta.
Continuar? Um dia destes faço outro texto e notifico-o.

annabel disse...

¡Bravo!
Es Preciosa, el final buenísimo
y la metáfora de las pompas de jabón,
muy apropiada, si es que lo he entendido.

n.n

Avó Pirueta disse...

Passi, que coisa tão bela e profunda! São o acompanhamento ideal para a Poesia da Ana. Parabéns aos três. Beijo da Avó

ematejoca disse...

Também gostei.
Saudacoes aos tres ... e que continuem.

Anabela Magalhães disse...

E eu, ainda agora aqui chegada, vinda das praias da Normandia, das praias silenciosas do Dia D, vinda dos cemitérios militares enormescos que por lá estão fruto da loucura dos homens, fiquei particularmente tocada por estas palavras.
Obrigada, Passi.
Obrigada Clap, por nos continuares a brindar com a poesia da Ana.