
quarta-feira, 16 de julho de 2008
Jorge Pinheiro...must!

Deter-me-ei um pouco mais um destes dias, mas o mais fulgurante, o mais vasto.. uma espécie de metafísico carregado de imagens, que quer explicar outra imagens e em ultima instancia nos leva ao limite de cada um de nós, sugerindo uma dor que persiste para alem da morte...
e tudo isto num desenho, com uma simplicidade mas com uma luz que nos encanta e encandeia.
terça-feira, 15 de julho de 2008
Ele ha caminhos..
segunda-feira, 14 de julho de 2008
domingo, 13 de julho de 2008
Quées?
Flop?
118.550 nomes
Em 6 de Agosto de 1945, às 08H15 o bombardeiro norte-americano Enola Gay lançou uma bomba de urânio, baptizada “Little Boy”, sobre Hiroshima, reduzindo a cinzas instantaneamente mais de 25.000 pessoas. Dez mil metros mais ao Sul, as radiações alcançaram os 300.000 graus Célsius, dez vezes a luminosidade do Sol. Setenta e cinco horas depois, em 9 de Agosto, às 11H02 locais, uma bomba de plutónio foi lançada sobre Nagasaki. Um bairro popular ficou reduzido a cinzas. A lista de vítimas alcançava em 1998 118.555 nomes.
Estas duas bombas atómicas matariam ao todo, ano após ano e após uma lenta agonia, cerca de 330.000 pessoas. A humanidade começava a viver assim com este terror visceral: “E se um louco
pressionar o botão nuclear?”, uma frase que inspiraria em 1964 o filme “Doctor Strangelove”, de Stanley Kubrick.
Estas duas bombas atómicas matariam ao todo, ano após ano e após uma lenta agonia, cerca de 330.000 pessoas. A humanidade começava a viver assim com este terror visceral: “E se um louco
pressionar o botão nuclear?”, uma frase que inspiraria em 1964 o filme “Doctor Strangelove”, de Stanley Kubrick.
sábado, 12 de julho de 2008
Morto cobrido de amor

António Lobo Antunes Sábado, 12 de Julho de 2008
Tamanho do texto
Morto cobrido de amor
Pensava que uma das poucas qualidades que tinha era a ausência de inveja. Não é verdade. Invejo os poetas. O que eu queria mesmo, o que mais queria neste mundo, o que mais desejava mas não tenho talento, era ser poeta. Até aos dezanove, vinte anos, só escrevi poemas. Descobri que eram maus, que não era capaz, que me faltava o dom. Foi um achado tremendo para mim, a certeza que a minha vida perdera o sentido. E então, aflito, desesperado, a medo, comecei a tentar outra coisa, porque não me concebia sem uma caneta na mão.
Nunca fiz contos, nem diários, nem teatro, nem ensaios e contar lérias não me interessava. Interessava-me transferir o mundo inteiro para o interior das capas de um livro. E cheio de hesitações, recuos, influências, a certeza que ainda não era aquilo, ainda não era aquilo, dei início a este fadário.
Resignado com a minha ausência de talento para me exprimir em verso. Nos primeiros tempos ainda experimentei, ocasionalmente, redigi uns poemas: eram horríveis. Então conformei-me. O projecto de mudar o mundo através dos meus livros ajudava-me, romper com os cânones, a tradição, o passado, dizer o que nunca havia sido dito. A este sonho me amparo e com este sonho continuo. No entanto a secreta inveja dos poetas permanece. Tento contorná-la ao exigir de mim o impossível: a quadratura do círculo das emoções. Conseguir uma obra que contenha tudo dentro. Tudo dentro. E assim ando. Claro que gostava de ter composto o Branco e Vermelho de Pessanha. A Toada de Portalegre de Régio. As canções de Camões. A Pavorosa Ilusão da Eternidade de Bocage.
Certas estrofes, certos sonetos de Sá Miranda, tanta coisa mais. Mesmo nos
vivos: invejo Vasco Graça Moura, António Franco Alexandre, Pedro Tamen, etc., que a lista é longa e toda a omissão é uma exclusão injusta. João Cabral de Melo Neto, Drummond: o Desaparecimento de Luísa Porto, por exemplo, é uma obra-prima. E eu aqui amarrado em busca do infinito, palavra a palavra, lento como um boi, a emendar, a voltar ao princípio, a emendar de novo, a voltar ao princípio de novo, a lograr uma linha, duas linhas, uma página por fim. Trabalho de oficina, excepto em momentos privilegiados em que a mão anda por si, e o texto encontra, como por milagre, o seu caminho.
No resto do tempo sinto-me como os velhos nas escadas, conquistando duramente cada degrau. Não me estou a queixar: tenho o que escolhi, faço o que quero, não trocava a minha vida por nada deste mundo. No ano passado achei-me de repente diante da minha finitude, num imenso assombro.
Considerava-me imortal; soube, com horrível violência, que o não era. Ter passado o que passei alterou-me por completo a existência e suponho que modificou também o que produzo. Os médicos não tratam: tornam a dar-nos a eternidade sob a forma de um infinito futuro, isto é uma porção limitada de dias que apesar de tudo acreditamos, contra a evidência, não terminar nunca.
Agora tenho essa eternidade. Por quanto tempo não sei; o silêncio rodeia-nos por toda a parte, quer dizer, a ameaça dele. Não podemos deixar que ele nos assuste. Gastei meses a encostar o ouvido à terra do meu corpo, tenso, à espera. Agora não: fico de pé na minha teimosa precariedade. Os exames afirmam que o meu corpo está bom: há alturas em que me apetece despi-lo, vogar sem ele, à deriva no meu lago de emoções, esperanças, desânimo ocasional, amor. Sou muito mais capaz de amar agora. Não. Sou finalmente capaz de amar agora. Não me sinto apenas feito para escrever como um danado, sinto-me feito para amar como um danado, numa doce ferocidade. De engolir o universo. Cristovam Pavia, poeta que estimo imenso e se abraçou a um comboio aos trinta e cinco anos, publicou um único livro de poemas antes desse abraço.
O último verso do livro ficou para sempre na minha cabeça. Diz: Só há saída pelo fundo. De maneira mais ou menos obscura sempre achei isto verdade. Agora faz parte da minha carne: só há saída pelo fundo, realmente, mas há uma saída. E basta-me a certeza disso. Acabarei o livro que escrevo agora, escreverei mais livros. Até me tornar, não sei quando, um morto cobrido de amor, como na morna que o Vitorino me cantou um dia. Eugénio, neste momento lembrei-me de si, do seu repouso no coração do lume. Éramos tão amigos, gaita, teve para comigo tão delicadas atenções enquanto as palmeiras da Foz esbracejavam lá fora. Ou Alexandre O'Neill, a única pessoa que conheci que não gostava de ninguém. Nem de si mesmo, acho eu. Mau como as cobras, a rir um riso torto, devastador. Era uma época em que os escritores me fascinavam porque os olhava como mesas de espíritas, capazes de comunicarem com outra dimensão. Uma espécie de demiurgos, de feiticeiros.
Qualquer bom artista é uma mesa de espírita a receber mensagens do além, o que os torna, em certo sentido, quase irresistíveis: a quantidade de mulheres que sempre rodearam um monstro físico e moral como Sartre; Simenon gabava-se de ter dormido com quinze mil. Faz-me lembrar Billy The Kid afirmando haver morto dezoito homens. Acrescentava Não contando os mexicanos e esse tipo de proezas acabou para mim.
Deixou de interessar-me. Uma única mulher basta: ela é todas. Nem sequer é uma questão de maturidade, é uma questão de não ser parvo. Acabando esta crónica regresso ao livro: ali está ele à minha espera, fazendo negaças. Não tem sorte nenhuma: vou ganhar. Nem que a pele fique pelo caminho vou ganhar.
Mudá-lo-ei dúzias de vezes mas ganho. Só há saída pelo fundo. Eu encontro-a.
De onde me virá esta teimosia, esta firmeza? Não sei. Julgo que fui assim desde o início. As partes gelatinosas que tive vão-se tornando de pedra.
Cheio de ferro por dentro. Acabo de comer a torrada, vou-me embora.
Atravesso a rua para o sítio onde trabalho, pego na caneta, espero. Chamo caneta a uma esferográfica vulgar, qualquer que risque me serve. Terá sido a esferográfica que me riscou a testa com o tempo? Porque não voltas atrás e vês o que ficou escrito nela? Retratos, livros, papéis, eu a começar. O telefone soluça como um bebé e, dentro de mim, o teu nome. Vozes de crianças por trás e tudo de súbito fácil, perfeito. Não sei bem o que digo, não sei bem o que oiço. Limito-mo a afogar-me em ti como no mar.
sexta-feira, 11 de julho de 2008
quinta-feira, 10 de julho de 2008
Investigadores estudam morte celular programada numa das espécies de bolor(c.f.TSF)

Investigadores do Porto descobriram que podem estudar a morte celular programada numa das espécies de bolor. Um estudo que irá ajudar a compreender o mecanismo de doenças como o Alzheimer ou o cancro. Este estudo será publicado amanhã numa revista científica.
Ana Castro, uma das investigadoras do grupo do Instituto de Biologia Molecular do Porto, pode ter descoberto como é que as células se suicidam.
«O que nós conseguimos foi utilizar o modelo experimental da neurospora, que é um modelo que já está sequenciado e que nos vai trazer muita informação e conseguimos fazer com que esse fungo entrasse em morte celular programada», explicou a investigadora.
A morte celular programada pode ocorrer tanto em deficiência como em excesso e pode trazer doenças associadas.
«Só se pode fazer qualquer coisa muito concreta quando soubermos os mecanismos básicos que estão subjacentes a esses processos. Como exemplo de deficiência temos o cancro, doenças auto-imunes e infecções crónicas. E depois temos quando os mecanismos de morte celular programada ocorrem em excesso, como o Alzheimer, Parkinson, SIDA e enfarte miocárdio.»
Segundo Ana Castro, tanto a tecnologia como medicamentos poderão surgir quando se compreender os mecanismos básicos e compreendê-los.
«Após a sua compreensão, aí poderemos fazer qualquer coisa», concluiu a investigadora.
quarta-feira, 9 de julho de 2008
OUTRA VEZ NÃO-ESTAR (D.N.)
Baptista-Bastos
escritor e jornalista
b.bastos@netcabo.pt
No pequeno café onde vou todas as manhãs, ouvi, ontem, esta frase: "Portugal é o nosso exílio." Retive a frase, que me devolveu a memória de um amigo caloroso: Daniel Filipe. A associação de ideias ancorava num dos mais belos e melancólicos livros de poesia: Pátria, Lugar de Exílio, no qual Daniel Filipe dizia: "Pressinto que outra hora insepulta marca o tempo de espera."
Há uma certa similitude entre a dor de aqui existir, entoada pelo grande poeta esquecido, e a angústia de agora estar, não-estando. Pior do que o cerco e o esmagamento é a decapitação da esperança. O exílio interior é o refúgio procurado como defesa da integridade. Como naquela sombria época, vivemos, de novo, no grande cansaço do céu.
Eu estava no Brasil, em 1964. Saía de uma pátria amordaçada e, com alvoroço, almejava viver a liberdade no país verde. Cheguei e estava a desenvolver-se um golpe de Estado. Invocando Deus, pátria e liberdade, a bota cardada tomava de assalto, com um cortejo de selvajaria, miséria moral e inomináveis traições, uma democracia legítima. Foi um momento decisivo na construção do homem que sou. Durante muitos meses pelo Brasil andei, sobre o Brasil escrevi. "Mude de tom", avisou-me, num cabograma, o Artur Inêz, chefe da Redacção do vespertino República, para onde eu enviava textos exaltados, atentamente cortados pela Censura.
Um dia, em São Paulo, encontrei-me com Miguel Urbano Rodrigues, na altura o mais importante editorialista d'O Estado de S. Paulo. Deu-me a notícia, e escreveu uma crónica belíssima: Morreu Daniel Filipe: Cronista sem Coluna. Porque o poeta, também jornalista no Diário Ilustrado, escrevia crónicas comoventes sobre o Porto e a sua condição humana. O fígado estoirara-lhe: de álcool e de sofrimento moral, mas o seu gemido era um som mudo e cheio de dignidade. Tinha 39 anos. Um ano antes, havíamos trabalhado na montagem de um gabinete de Imprensa, no Laboratório Nacional de Engenharia Civil, por sugestão de um monárquico, Avelar Soeiro, homem de bem, que apenas de nome nos conhecia, e assim nos ajudava a arredondar a conta ao fim do mês, visto estarmos ambos desempregados, por motivos políticos. A história dessa circunstância ainda hoje me emociona. Que será feito de Avelar Soeiro?, com quem me encontrava, ocasionalmente, nas Portas de Santo Antão. Alguém mo diz?
Vou à estante e releio páginas de A Invenção do Amor e outros Poemas; e do Discurso sobre a Cidade, textos nos quais Daniel Filipe associa emoção com a beleza incomparável de um estilo muito próprio. E lá estão a melancolia de uma identidade assumida e o sofrimento de um homem desejadamente livre, mas amiúde negligenciado na dimensão da sua grandeza.
Agora, é outra vez não-estar, embora estando. |
escritor e jornalista
b.bastos@netcabo.pt
No pequeno café onde vou todas as manhãs, ouvi, ontem, esta frase: "Portugal é o nosso exílio." Retive a frase, que me devolveu a memória de um amigo caloroso: Daniel Filipe. A associação de ideias ancorava num dos mais belos e melancólicos livros de poesia: Pátria, Lugar de Exílio, no qual Daniel Filipe dizia: "Pressinto que outra hora insepulta marca o tempo de espera."
Há uma certa similitude entre a dor de aqui existir, entoada pelo grande poeta esquecido, e a angústia de agora estar, não-estando. Pior do que o cerco e o esmagamento é a decapitação da esperança. O exílio interior é o refúgio procurado como defesa da integridade. Como naquela sombria época, vivemos, de novo, no grande cansaço do céu.
Eu estava no Brasil, em 1964. Saía de uma pátria amordaçada e, com alvoroço, almejava viver a liberdade no país verde. Cheguei e estava a desenvolver-se um golpe de Estado. Invocando Deus, pátria e liberdade, a bota cardada tomava de assalto, com um cortejo de selvajaria, miséria moral e inomináveis traições, uma democracia legítima. Foi um momento decisivo na construção do homem que sou. Durante muitos meses pelo Brasil andei, sobre o Brasil escrevi. "Mude de tom", avisou-me, num cabograma, o Artur Inêz, chefe da Redacção do vespertino República, para onde eu enviava textos exaltados, atentamente cortados pela Censura.
Um dia, em São Paulo, encontrei-me com Miguel Urbano Rodrigues, na altura o mais importante editorialista d'O Estado de S. Paulo. Deu-me a notícia, e escreveu uma crónica belíssima: Morreu Daniel Filipe: Cronista sem Coluna. Porque o poeta, também jornalista no Diário Ilustrado, escrevia crónicas comoventes sobre o Porto e a sua condição humana. O fígado estoirara-lhe: de álcool e de sofrimento moral, mas o seu gemido era um som mudo e cheio de dignidade. Tinha 39 anos. Um ano antes, havíamos trabalhado na montagem de um gabinete de Imprensa, no Laboratório Nacional de Engenharia Civil, por sugestão de um monárquico, Avelar Soeiro, homem de bem, que apenas de nome nos conhecia, e assim nos ajudava a arredondar a conta ao fim do mês, visto estarmos ambos desempregados, por motivos políticos. A história dessa circunstância ainda hoje me emociona. Que será feito de Avelar Soeiro?, com quem me encontrava, ocasionalmente, nas Portas de Santo Antão. Alguém mo diz?
Vou à estante e releio páginas de A Invenção do Amor e outros Poemas; e do Discurso sobre a Cidade, textos nos quais Daniel Filipe associa emoção com a beleza incomparável de um estilo muito próprio. E lá estão a melancolia de uma identidade assumida e o sofrimento de um homem desejadamente livre, mas amiúde negligenciado na dimensão da sua grandeza.
Agora, é outra vez não-estar, embora estando. |
terça-feira, 8 de julho de 2008
domingo, 6 de julho de 2008
Busco
Faz-me o favor de não dizer absolutamente nada! Supor o que dirá Tua boca velada É ouvir-te já.É ouvir-te melhor
do que o dirias. (Mario Cesariny)
Por vezes a suposição é o melhor remédio, por vezes as palavras atrapalham tudo, por vezes dizemos o que nem havíamos pensado, por vezes pensamos o que nunca diremos, por vezes o melhor, mesmo, é não dizer nada.
do que o dirias. (Mario Cesariny)
Por vezes a suposição é o melhor remédio, por vezes as palavras atrapalham tudo, por vezes dizemos o que nem havíamos pensado, por vezes pensamos o que nunca diremos, por vezes o melhor, mesmo, é não dizer nada.
sábado, 5 de julho de 2008
sexta-feira, 4 de julho de 2008
quinta-feira, 3 de julho de 2008
quarta-feira, 2 de julho de 2008
Apenas três homens andaram sobre as águas em toda a história da Humanidade
terça-feira, 1 de julho de 2008
No País dos Sacanas
Que adianta dizer-se que é um país de sacanas?
Todos os são, mesmo os melhores, às suas horas,
e todos estão contentes de se saberem sacanas.
Não há mesmo melhor do que uma sacanice
para poder funcionar fraternalmente
a humidade de próstata ou das glândulas lacrimais,
para além das rivalidades, invejas e mesquinharias
em que tanto se dividem e afinal se irmanam.
Dizer-se que é de heróis e santos o país,
a ver se se convencem e puxam para cima as calças?
Para quê, se toda a gente sabe que só asnos,
ingénuos e sacaneados é que foram disso?
Não, o melhor seria aguentar, fazendo que se ignora.
Mas claro que logo todos pensam que isto é o cúmulo da sacanice,
porque no país dos sacanas, ninguém pode entender
que a nobreza, a dignidade, a independência, a
justiça, a bondade, etc., etc., sejam
outra coisa que não patifaria de sacanas refinados
a um ponto que os mais não são capazes de atingir.
No país dos sacanas, ser sacana e meio?
Não, que toda a gente já é pelo menos dois.
Como ser-se então nesse país? Não ser-se?
Ser ou não ser, eis a questão, dir-se-ia.
Mas isso foi no teatro, e o gajo morreu na mesma
Jorge de Sena
Todos os são, mesmo os melhores, às suas horas,
e todos estão contentes de se saberem sacanas.
Não há mesmo melhor do que uma sacanice
para poder funcionar fraternalmente
a humidade de próstata ou das glândulas lacrimais,
para além das rivalidades, invejas e mesquinharias
em que tanto se dividem e afinal se irmanam.
Dizer-se que é de heróis e santos o país,
a ver se se convencem e puxam para cima as calças?
Para quê, se toda a gente sabe que só asnos,
ingénuos e sacaneados é que foram disso?
Não, o melhor seria aguentar, fazendo que se ignora.
Mas claro que logo todos pensam que isto é o cúmulo da sacanice,
porque no país dos sacanas, ninguém pode entender
que a nobreza, a dignidade, a independência, a
justiça, a bondade, etc., etc., sejam
outra coisa que não patifaria de sacanas refinados
a um ponto que os mais não são capazes de atingir.
No país dos sacanas, ser sacana e meio?
Não, que toda a gente já é pelo menos dois.
Como ser-se então nesse país? Não ser-se?
Ser ou não ser, eis a questão, dir-se-ia.
Mas isso foi no teatro, e o gajo morreu na mesma
Jorge de Sena
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