domingo, 3 de maio de 2009

MEC


À procura de nós

03.05.2009, Miguel Esteves Cardoso Ainda ontem

Só ontem vi dois cães abandonados. Vi duas vezes o mesmo old english sheepdog a correr pela estrada fora, com a pressa doida de quem ainda acredita que vai alcançar o carro dos donos que o deixaram ali num ermo. De manhã, apareceu na esplanada onde eu vou um velho sharpei de expressão esperançosa. Estudava a cara de toda a gente, como se quisesse ter a certeza de não se enganar na identificação dos donos, caso ali estivessem a esconder-se dele. Já não confiava que o reconhecessem.
Ele estava irreconhecível, de certeza, fora a coleira de onde tinham arrancado a morada. É injusto, mas são os cães que eram mais giros quando eram pequenos que metem mais dó. É o contraste entre a festa que lhe faziam quando eram cachorrinhos e a indiferença com que os abandonam quando se tornam cães.
É incompreensível que, numa época em que cada vez mais actividades humanas são proibidas, continuem impunes os abandonadores de animais. Talvez pudessem passar umas férias num canil da câmara? Como pode ser mais grave e mais castigado deitar um saco de lixo para a rua do que um animal dito de estimação?
Já que todos estamos cada vez mais documentados, porque não hão-de estar obrigatoriamente identificados com chips e registados os animais a nosso cargo? A maneira como tratamos e protegemos os bichos selvagens tem vindo a melhorar. Não será altura de começar a tratar melhor os bichos - como os cães e os gatos - que gostam de nós e que ainda pensam que gostamos deles?

Achou este artigo interessante? Sim

a nao perder...