segunda-feira, 27 de julho de 2009
As palmas também cansam...
O ClapClapCLAP encerra hoje definitivamente as suas actividades. Foram quase Catorze meses bem passados, na companhia de amigos e desconhecidos e a quem estou grato pela atenção dedicada.
Talvez num futuro próximo nos encontremos noutro lugar da blogosfera.
(Fim da emissão.)
Clap
quarta-feira, 22 de julho de 2009
quarta-feira, 15 de julho de 2009
terça-feira, 7 de julho de 2009
O terceiro foi
acreditar nos mitos por si criados e na propaganda por si encomendada.
Pensou que a Europa fazia líderes nacionais. Por outras palavras, que o êxito do Tratado de Lisboa faria dele um primeiro-ministro português inamovível e invulnerável. Por uns anos, pelo menos.
A essa ilusão acrescentou-se um erro de paralaxe: a certeza de que o êxito do Tratado de Lisboa era seu. A mitologia das obras públicas, da tecnologia e da "sociedade de informação" são outros exemplos destas crenças adolescentes, segundo as quais as grandes obras criam emprego, a tecnologia faz empresários e os computadores geram cultura e capacidades profissionais. Esta mitologia foi servida pela mais poderosa máquina de propaganda jamais criada em Portugal ao serviço de um governo. Assessores, consultores, agências, jornalistas, escribas, empresas especializadas e regras de comportamento e protocolo regularam a vida pública com uma minúcia inédita.
Algures a meio do mandato, os governantes começaram a acreditar no que mandavam dizer de si e no que os seus servidores inventavam para os bajular.
O resultado era previsível: desligaram do país que não se resumia à criação dos especialistas. Foi este clima que explicou, em parte, a maneira desastrada como o primeiro-ministro se defendeu mal nos processos que o atingiram mais directamente, incluindo o do Freeport.
MFM fica aqui como repositório...Personal file!
Maria Filomena Mónica: "Em última análise, faço sempre o que quero"
por Ana Sá Lopes, Publicado em 07 de Julho de 2009
Maria Filomena Mónica diz que com a idade está a perder a raiva, porque a raiva cansa muito. Mas continua a fazer e a dizer tudo o que lhe apetece
A socióloga odiada pelos queirosianos acabou de publicar uma nova versão da biografia de Eça, oito anos depois da primeira edição. Maria Filomena Mónica, a mulher do "Bilhete de Identidade", recebe o i na casa de onde quase nunca sai - tirando às segundas-feiras para ir à farmácia e ao supermercado - um rés-do--chão na Lapa, em Lisboa, com vista para um jardim extraordinário, infelizmente propriedade do vizinho de cima. Diz que agora vê com mais nitidez os defeitos de Eça de Queirós: era instrumental com os amigos. É implacável, embora diga que isso faz parte da sua pose. Culpabiliza-se com facilidade, mas em última análise só faz o que lhe apetece.
O Eça não era um santo, mas no princípio apaixonou-se completamente?
Apaixonei-me primeiro pelos romances, depois pelo jornalista e depois pelo homem. E não é bom fazer-se uma biografia em fase de êxtase completo. Para além da parte artística, fui desde logo muito sensível à lucidez e à inteligência do homem. Passados oito anos, já consegui distanciar-me mais, ver quais eram os defeitos. O principal está no domínio dos afectos. Era muito instrumental, só gostava de quem precisava, em última análise não gostava de ninguém. Em relação às mulheres, o facto de ele ter fugido à Anna Conover, que foi a maior paixão da vida dele, demonstra que não tinha confiança em si. Não era capaz de enfrentar uma relação com uma mulher emancipada. Fugiu a sete pés.
Era um machista?
Não era machista, nem mesmo misógino. A ortodoxia é que diz que o Eça era machista e misógino. Nos romances, ele retratava as mulheres como seres inferiores. Acontece que, sociologicamente, as mulheres eram seres inferiores, não tinham educação. Ele dá um retrato da sociedade. Muito me espantaria que aparecessem nos romances dele Luísas ou Marias Eduardas que fossem capazes de citar o Shakespeare de cor, ou o Camões, ou o Sá de Miranda. Porque é que ele não era machista? Quando ficou noivo da Emília de Resende, que era uma aristocrata do Norte, ela pergunta-lhe se pode escrever a um rapaz chamado Sandeman, daquela família inglesa do Porto. E ele responde-lhe que pode escrever a quem lhe apetecer. Até ficou escandalizado com a pergunta! Se fosse o Ramalho, ou a maior parte dos amigos dele, imagino que diriam às noivas "não, não podes" ou "ainda bem que me perguntas, vou-te dar autorização". Na relação com a noiva não era nada machista.
Diz que o Eça usava os amigos de forma instrumental. Usava Ramalho?
O Ramalho tratava-lhe das edições, das provas. "Já reviste? Vê lá o que é que fazes!" O Ramalho e o Antero achavam que "O Crime do Padre Amaro" era imoral. E é imoral, para a época é um livro muito forte. Se pensarmos que a publicação de "Madame Bovary" foi proibida, Portugal era tão liberal para a altura que deixou publicar "O Crime do Padre Amaro"! O Ramalho sempre tratou de problemas práticos. O mais amigo era o Jaime Batalha Reis, com quem o Eça viveu uma temporada. Batalha Reis manteve--se sempre muito amigo, muito fiel. Faz--me pena que o Eça se tenha portado mal no concurso para a carreira diplomática. A ideia de concorrer tinha sido do Batalha Reis, mas o Eça aproveitou a ideia, meteu uma cunha antes do Jaime Batalha Reis e não lhe disse nada. Ele ficou meio amuado e com razão. Mas mantiveram-se amigos.
E aquela outra miséria, quando Eça exige ser pago para não publicar um texto?
É chantagem! Achei a ideia genial. Claro que era moralmente abjecta. Imaginem eu agora ir dizer ao Eng. Sócrates: "Tenho aqui um romance sobre a sua vida mas se me der 30 mil contos abandono a ideia e não publico." Claro que isto não se faz. Ele foi dizer ao Ramalho, mais uma vez instrumental: "Fala aí com Andrade Corvo - que era o ministro dos Negócios Estrangeiros -, tenho esta ideia, Portugal vai ser invadido pela Espanha, mas se ele não quiser, dá-me o dinheiro que eu ganharia com o livro e não publico ?A Batalha do Caia?. O Ramalho disse--lhe: "Não estás bom da cabeça." É uma ideia moralmente abjecta, mas muito engraçada.
Tem tido uma guerra com os queirosianos. Porquê?
Eles começaram a fazer-me guerra.
Mas guerra como?
Tem a ver com as carreiras, luta-se por um poder muito pequenino. Os queirosianos vivem do Eça, é como se fossem sanguessugas. O Eça é a razão de ser da carreira e da promoção deles. Tenho a sorte de não pertencer a uma faculdade de letras. Fiz Filosofia, saltei para Sociologia, e agora faço história e de vez em quando escrevo biografias. Não preciso do Eça para subir na carreira. Para começar, já estava no topo, a liberdade era total. Comecei a perceber quando fui a uma conferência nos Estados Unidos, no centenário do Eça em 2000. Havia 40 portugueses que não tomavam o pequeno-almoço comigo, que não se sentavam ao meu lado no autocarro, que não me falavam. Achei aquilo estranho. Mas quem é esta gente? Depois, havia um professor da Faculdade de Letras, o António Feijó, que me disse: "Mas ainda não percebeste? Estás-lhes a roubar o território" Aquilo é território murado, é o território deles. E o professor americano depois explicou-me que quando me convidou por causa da biografia do Eça teve imediatamente cartas de alguns queirosianos a dizer que o Instituto Camões não me devia pagar o avião. Isto disse- -me o americano, que respondeu que se o Instituto Camões não pagasse, a universidade americana pagaria. Não sabia nada disto quando fui, só quando cheguei aos Estados Unidos é que verifiquei que era uma persona non grata.
Mas quem são esses queirosianos?
Basicamente, é o Carlos Reis. É catedrático de Coimbra e agora é reitor da Universidade Aberta. E é autor do mais ridículo programa de Português que eu li em dias da vida. As criancinhas entre o 1.o ano e o 9.o ano vão ter de ser sujeitas a um programa de Português que é uma aberração total e completa. Os outros são assistentes dele. Como ele é catedrático, os outros têm medo de falar comigo, porque se na América os vissem a tomar o pequeno-almoço comigo, depois não iam a professor auxiliar.
O Eça é autobiográfico? Conta na biografia uma cena num baile de máscaras, que se passou com o Eça quando andava com uma mulher casada que é exactamente igual a uma cena de João da Ega em "Os Maias"?
Ele aproveita muito o real, é um observador espantoso, mas não é um escritor confessional. Não é como eu, que uso a palavra "eu" em cada duas frases. Ele, de resto, diz "eu não tenho biografia, sou como a república de Andorra, não tenho passado". Teria ficado furioso se tivesse lido a minha biografia. Não queria que falassem da sua vida, queria que falassem da sua obra. Mas era um poseur. Metade das cartas dele não podem ser entendidas à letra. Quando escreve ao Oliveira Martins a dizer que "Os Maias" é um romance falhado, o que quer é pedir uma recensão crítica. Essa cena das máscaras e muitas das cenas de "Os Maias" são coisas a que assistiu. Já se dava naquela altura com a grande sociedade portuguesa.
O Eça é o João da Ega?
O Ega é o Eça se não tivesse saído de Portugal. Se tivesse cá ficado, tinha-se transformado num geniozinho engraçado, mau, sarcástico, parecido com o Ega e um falhado. Ele teve um pressentimento de que isso iria acontecer. O Ega é o bobo da corte que o Eça teria sido se cá ficasse. O Eça tinha horror a esse Portugal ignorante, beato e pobre. Isso é um sentimento que me é familiar, uma pessoa sentir-se aqui enclausurada.
Ainda sente essa claustrofobia?
Muito menos. Em parte pela idade. Estou cansada de ter raiva, a raiva exige energias. Cansa imenso! Depois, porque deixei de ver televisão. Só vejo DVD e os primeiros 10 minutos do telejornal para ver se aconteceu alguma coisa. Disse na entrevista à Alexandra Lencastre que só saio à segunda-feira. E é verdade! À segunda-feira vou à farmácia e ao supermercado, terça, quarta, quinta, sexta e sábado estou em casa, no domingo estou com os netos.
Não sai para tomar café?
Não tomo café, sou hipertensa. Para o bem ou para o mal vejo pouco os meus amigos, tenho dois ou três, também os vejo só para aí três vezes por ano. Isso faz-me um bocadinho pena, ver pouco os meus amigos. Tenho alguns amigos estrangeiros e aí o email abriu-me o mundo. Retomei agora uma amizade com um amigo israelita?
... que foi seu namorado?
Sim, mas namorado só durante uma semana! (risos) É bom quando se resolvem essas coisas da carne logo ao início e depois fica-se amigo!
No "Bilhete de Identidade" fala muito do atrofiamento nacional, da educação claustrofóbica?
No meu caso, era exagerado pelas particularidades da minha mãe, que tinha sido alta dirigente da Acção Católica com o pelouro da juventude. Depois de ter andado a dizer em artigos de jornal como é que se deviam educar os filhos e sair--lhe esta na rifa, azar o dela! Mas nós até temos coisas muito parecidas. Era muito trabalhadora, muito obsessiva como eu sou. Entre mim e a minha irmã não há nada mais diferente. Nós somos quatro, todos eles deixaram de me falar. Eu para zangas estou por aí? [risos]
Não voltaram a falar-se?
Os três deixaram de me falar e não foram ao lançamento. A Isabel, no Natal quando a minha mãe estava a morrer, disse--me: "Não sou capaz de estar zangada contigo!" E trouxe-me um livro todo corrigido por ela à mão. "Agora fazes uma segunda edição com todas as emendas!" Era outro livro! Só uma ingénua poderia imaginar que eu iria introduzir aquelas emendas! Os outros dois mantiveram-se zangados.
O problema era a questão da sua mãe?
A questão da minha mãe, a questão de eu expor o ter cometido adultério, embora o meu marido cometesse adultério todos os dias e mais algum. Eu nem sou promíscua, até sou muito monogâmica! Tive três maridos, mas quando sou casada sou muito fiel. Mas acho que foi o facto de a minha mãe ter puxado ao máximo para nos casarmos nas famílias de topo e eu ter dito isso. O facto de o meu bisavô ter sido lavrador não é nenhum pecado, até funciona a nosso favor, quer dizer que subimos na vida. Mas para eles é mau. As únicas pessoas que eu teria tido um enorme desgosto se tivessem ficado zangadas ou tristes eram os meus filhos, especialmente o meu filho. E não ficaram.
Nunca mais voltou a falar com Vasco Pulido Valente?
Não. Como ele também não sai de casa?
Mas ele ficou mesmo magoado?
Acho que ele não tem razão! Um dia vamos ter de falar sobre isso, espero que sim. Não quero falar mais sobre o Vasco, já dei lenha de mais para essa fogueira. Eu almoçava com o Vasco todas as quartas-feiras. E almocei com ele na véspera do lançamento. Ele sabia há cinco anos que eu estava a escrever as memórias. Não pediu para ler, nem eu as deixaria ler. Mas não é uma pessoa que de repente soube que ia haver um livro. Se houve alguém de cuja reacção eu tive medo foi do meu primeiro marido, e dos meus filhos, como já disse.
Ele reagiu bem?
Reagiu lindamente. A minha percepção é estranhíssima. Achei, curiosamente, que dava uma imagem do Vasco como eu o vejo? Eu adoro o Vasco! Falo dele com uma enorme ternura, foi uma pessoa importantíssima na minha vida, por quem eu tenho a maior das admirações! Até achava que o meu actual marido é que ia ter ciúmes do Vasco!
O António Barreto não queria que falasse dele no livro?
Não o conhecia! O livro termina em 1976, não conhecia o António. Uma das razões por que não escrevo o segundo volume nem é tanto por causa do António Barreto. Em última análise, faço sempre o que quero. Nem a minha mãe me proibiu, nem há marido que me proíba. Se quiser mesmo uma coisa, e achar que a devo fazer, faço. Mas não faço porque de todas as autobiografias que li as interessantes são as do período formativo.
A ideia que temos de si é que é uma mulher absolutamente segura...
[Silêncio]. Fiz uma pose, como o Eça. Fiz uma pose arrogante, segura, forte e implacável, mas não sou nada disso. Carências afectivas, é à menor oportunidade. "Ninguém gosta de mim, no fundo", "eu devia estar a fazer outra coisa que não estou a fazer." Isto é a culpabilidade. Se a minha filha me pede, como aconteceu no sábado passado, para ficar com os miúdos e eu não posso, acho que sou a pior avó do mundo e a pior mãe do mundo. É muito fácil explorar-me! Sei que sou assim, que sob esta aparência sou um vaso chinês com uma falha sísmica. Nunca fui a um psiquiatra porque sou capaz de falar disto, porque isso me ajuda, falar com os amigos.
Costuma ridicularizar a psiquiatria?
Acho que não vale a pena. O que a psiquiatria fez às pessoas que conheço foi tirar-lhes o sentimento de culpa. Acho que as pessoas devem ter sentimentos de culpa quando se portam mal! Alguém que não toma conta de uma mãe doente? Tive a minha mãe doente durante 11 anos e, mesmo com a má relação que tinha com ela, achei que era meu dever tratar dela até ao fim! Nos últimos oito anos, deixou de me reconhecer. Eu era a mais velha, a minha irmã Isabel tinha o marido doente com um cancro, os outros dois eram miúdos - miúdos para mim, nessa altura tinham 40 anos. Achava que tudo dependia de mim. Mas cada vez que ia para Oxford trabalhar ia com uma culpabilidade que nem lhe conto nem lhe digo e arranjei problemas físicos relativamente graves. Isto para dizer que não sou tão forte quanto pareço.
Ainda é de esquerda?
Sou. Se tivesse tido outra educação, provavelmente era de direita. Como fui criada na direita, continuo a pensar que a direita portuguesa é totalmente subserviente em relação ao poder político, completamente inculta, não cosmopolita, e socialmente a maior parte das pessoas da direita nunca foram para além de Elvas. O fundamental para mim é a liberdade e a direita portuguesa não preza a liberdade. Pode perguntar-se: e a esquerda preza? Provavelmente, a esquerda é inculta, nunca foi para além de Elvas, tem os mesmos traços mais ou menos?
Não há nenhuma questão ideológica?
É uma questão de eu ter sido muito marcada pelo salazarismo e pela Igreja Católica. O facto de ser ateia liga-me mais à esquerda. Sou a favor do aborto e da eutanásia. Já fiz testamento vital há cerca de seis anos e quero que seja respeitado. Já o dei aos meus filhos e ao António. Não quero que me prolonguem a vida. Isso também me afasta da direita. Nunca fui de esquerda por acreditar no maoísmo ou na ditadura do proletariado. Achava que os valores do liberalismo clássico eram de esquerda e o Salazar era um homem da direita. Vivi até aos 31 anos sob uma ditadura, para mim a liberdade é um valor de esquerda.
E vota no PS?
Sempre votei PS, até em 1975. Chorei que nem uma Madalena porque achava que o Soares era um burguês nojento. Apesar de tudo, tinha medo do PCP.
E agora vai votar em José Sócrates?
Não voto mais.
Quando deixou de votar?
Desde as últimas. Disse que nunca mais votava enquanto os dois principais partidos não fizeram a reforma eleitoral que prometeram. Sou contra a eleição por listas, não sei em quem estou a votar. Parte da mediocridade do que se passa no Parlamento deriva da impossibilidade de nós votarmos numa pessoa. Provavelmente, irei votar nas locais, para afastar o Santana Lopes.
Vai votar em António Costa?
Sim. Prefiro o António Costa ao Santana Lopes, embora o Santana Lopes me divirta muito mais. Mas ele só me diverte quando está fora do poder, no poder é um irresponsável.
E o que pensa de José Sócrates?
É um rapaz da província que subiu na vida à custa da esperteza e de muito pouco trabalho. Assinou projectos arquitectónicos que não eram dele?
Ele negou, assumiu a autoria?
Fiquei com a impressão de que tinha assinado projectos que não eram dele. Mentiu, recentemente, no negócio da PT. Tem um percurso de opacidade.
isto é que é ..sorte!
Segundo a Fenprof, apenas entraram no quadro 417 dos cerca de 50 mil candidatos que apresentaram 65.464 candidaturas, ou seja menos de um por cento.
Paralelamente - adianta a Fenprof -, 11.836 docentes que já pertencem aos quadros (40,9 por cento do total de docentes dos Quadros de Zona Pedagógica/QZP) não obtiveram colocação no novo quadro criado (Quadro de Agrupamento).
«Perante estes números, pode dizer-se que este é um dos piores concursos de sempre», alerta aquela estrutura sindical, que acusa o Ministério da Educação (ME) de ter feito uma «grosseira manipulação dos números, com o intuito de enganar a opinião pública», designadamente com a indicação nos Quadros de Agrupamento e de Escola da relação vagas positivas/vagas negativas.
Segundo a Fenprof, não se compreende também como pode o ME afirmar que, numa segunda fase, serão colocados mais 38 mil docentes dos QZP e contratados, quando as escolas ainda não fizeram o levantamento das necessidades após esta primeira fase de colocação.
A Fenprof reitera que este é o «concurso mais negativo dos últimos anos», o que, na sua perspectiva, fará "crescer, como nunca, as situações de instabilidade para docentes dos quadros e remeterá para o desemprego muitos milhares de docentes que aguardam o ingresso em quadro ou, pelo menos, uma contratação".
Entretanto, o ME revelou hoje que 30 mil professores foram colocados em estabelecimentos de ensino públicos na primeira fase do concurso, para os próximos quatro anos lectivos.
Segundo Valter Lemos, na segunda fase do concurso, até ao final de Agosto, «deverão ser colocados mais 38 mil professores, provenientes dos QZP e dos professores contratados».
segunda-feira, 6 de julho de 2009
O segundo foi a ausência de um plano B.
A intenção primordial era simples: pôr em ordem, durante três anos, as finanças públicas.
Arranjar uma reserva, uma "folga para gastar no quarto ano e vencer eleições.
A crise financeira espatifou tudo.
A "folga" serviu para colar cacos, comprar pensos, reparar avarias e apagar fogos.
Esta ausência de plano B ficou a dever-se também à ausência de um plano sério.
domingo, 5 de julho de 2009
os sete erros fatais de SOKAS ( de domingo a domingo)
PRIMEIRO:
Declarar guerra a vários inimigos antes de ter planos preparados e tropas prontas.
No dia de tomada de posse atacou os magistrados. Todos. Culpados e preguiçosos. Depois, não conseguiu nem soube fazer a reforma da justiça.
Nos dias seguintes, os professores levaram a sua conta. Mandriões e incompetentes.
No fim do mandato, era a guerra civil e tudo está por fazer.
sábado, 4 de julho de 2009
sexta-feira, 3 de julho de 2009
"Os cornos eram para nós"
"Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para 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nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós"
"Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para 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nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós""Os cornos eram para nós"
A Cidade Velha
(para ouvires, clica no título)
A Cidade Velha é considerada o berço da cabo-verdianidade e da mestiçagem. Foi a primeira cidade construída pelos portugueses no Continente Africano, desempenhando um papel preponderante no apoio à expansão portuguesa e no desenvolvimento do comércio internacional e da navegação de longo curso entre os quatro cantos do mundo.
Pela sua posição geo-estratégica, a Cidade Velha, eventual candidata a Património da Humanidade da UNESCO, rapidamente se tornou um dos epicentros do comércio e da sociedade escravocrata, atingindo a sua fase mais próspera em meados do século XVI. Da ilha de Santiago partiam escravos e navegadores para os Açores, Madeira, Brasil, Caraíbas e Antilhas.
(...)
http://www.asemana.publ.cv/spip.php?article13422
A Cidade Velha é considerada o berço da cabo-verdianidade e da mestiçagem. Foi a primeira cidade construída pelos portugueses no Continente Africano, desempenhando um papel preponderante no apoio à expansão portuguesa e no desenvolvimento do comércio internacional e da navegação de longo curso entre os quatro cantos do mundo.
Pela sua posição geo-estratégica, a Cidade Velha, eventual candidata a Património da Humanidade da UNESCO, rapidamente se tornou um dos epicentros do comércio e da sociedade escravocrata, atingindo a sua fase mais próspera em meados do século XVI. Da ilha de Santiago partiam escravos e navegadores para os Açores, Madeira, Brasil, Caraíbas e Antilhas.
(...)
http://www.asemana.publ.cv/spip.php?article13422
quinta-feira, 2 de julho de 2009
é fartar, vilanage!..... eu???? A-POIO!!!
Obras de mil milhões em escolas fogem a visto do TC
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A Parque Escolar, empresa que o Governo criou para concretizar o programa de obras nas escolas públicas em todo o país, já adjudicou cerca de mil milhões de euros...
(.../...)
Este valor corresponde a 42 contratos, dos quais, no entanto, apenas um obteve o visto prévio do Tribunal de Contas.
A empresa entendia que não estava sujeita à fiscalização prévia desta entidade mas, quando deu pela falha, o TC ordenou para que os contratos fossem todos submetidos a visto e decidiu avançar com uma acção de fiscalização à Parque Escolar.
quem foi o ministro que...
quarta-feira, 1 de julho de 2009
ex-bigodes
O ex-conselheiro de Estado Manuel Dias Loureiro esteve esta quarta-feira a prestar declarações no Departamento Central de Investigação e Acção Penal. Segundo o semanário Sol, o antigo ministro de Cavaco Silva foi ouvido já não enquanto testemunha mas sim como arguido. Em causa estão dois negócios de 2001, ruinosos para o grupo SLN/BPN, e sobre os quais Loureiro começou por dizer que nada sabia.
Trop facile, muy fácil.
segunda-feira, 29 de junho de 2009
falta algum?
tas aí?
sábado, 27 de junho de 2009
sexta-feira, 26 de junho de 2009
cf PALAVROSSAVRVS REX
Um blogue de Joaquim Carlos]
Quinta-feira, Junho 25, 2009
SÓSIA PEREIRA FAZ DE VITALINO
A tremideira governamentalesca das últimas horas não tem remédio arrastando para uma floresta labiríntica de trapalhadas o nome de gestores fabulosamente pagos e supostamente competentes como Zeinal Bava e Henrique Granadeiro. Há algo de tão desastrado e moribundo neste Governo que por muito que venham os sucessivos Vitalinos novos, entre os quais Pedro Silva Pereira, nada mais que um Vitalino, enfatizar ideias e sublinhar a ausência de suspeições, está aí mesmo Ricardo Costa e tantos outros a clamar que não é verdade, que há um facto político grave subjacente a tudo isto entre a PT e a Media Capital/TVI. Portugal é sacudido por um tsunami de absurdos governamentalescos que nos não dão tréguas. Ontem a Fundação Esconsa para as Comunicações Móveis deu estrilho, demonstrando o vão de escada para onde se atiram os dinheiros públicos e se inventam Fundações e Observatórios de perder recursos, hemorragia contínua, filha da lógica desonesta e corrupta com que se praticam todos os desmandos que danam Portugal. Ontem também foi notória a contradição ou mentira em directo com o Jaiminho Silva dessintonizado em directo e em simultâneo com a versão socretinesca relativa à demissão do embaraço em pessoa, Carlos Guerra. Depois é assim: quanto mais Vitalino o PS arremeda, pior fica o soneto, alguém desmentiu ter estado Granadeiro, presidente da PT, com o Ainda-PM no dia em que a PT comunica à CMVM a intenção de compra das acções da TVI?!: «O ministro da Presidência acusou hoje a líder do PSD de “arrogância” ao lançar “suspeições totalmente infundadas”, tentando envolver o Governo num negócio que ainda não se confirmou entre a Portugal Telecom (PT) e a Media Capital.Pedro Silva Pereira falava aos jornalistas no final do Conselho de Ministros, depois de confrontado com a polémica em torno da possível compra pela PT de 30 por cento do capital da Media Capital, que controla a TVI.»
Publicada por joshua em 7:18 PM
Etiquetas: Carlos Castro, Henrique Granadeiro, Pedro Silva Pereira, Zeinal Bava
quinta-feira, 25 de junho de 2009
segunda-feira, 22 de junho de 2009
Forte ou Praça de São José da Pontinha
O triângulo de pedra no Ilhéu de São José que o João Gonçalves Zarco e Tristão Vaz Teixeira construíram há 586 anos, para servir de âncora às suas caravelas, devia tornar-se agora o SÍMBOLO DO EPICENTRO GEOGRÁFICO DA MADEIRA , à semelhança da Notre Dame de Paris.
Segundo o matemático Buckminster Fuller, inventor da cúpula geodésica, o TRIÂNGULO é a figura geométrica mais forte que existe na terra. Os madeirenses não podiam arranjar melhor ícone e mais próprio para simbolizar as suas qualidades excelentes de determinação e de vivência!
Gripe de 1918/19
A Gripe de 1918/19 foi uma pandemia que se espalhou por quase todo mundo. Foi causada por uma virulência incomum do vírus Influenza A, subtipo H1N1. A pandemia matou mais de 500.000 pessoas nos EUA, e cerca de 50—100 milhões em todo o mundo.
Na actual avaliação da gripe das aves, a dita “Gripe Espanhola” de 1918 é um exemplo para as consequências mortais que uma mutação do vírus da gripe pode ter — e para compreendermos que estamos prestes a enfrentar as consequências de uma destas mutações.
A evolução
Espalhou-se rapidamente pelo mundo e causou em apenas 18 meses, entre 1918 e 1920, a morte de cerca de 50 a 100 milhões de pessoas – entre 2,5 a 5% da população mundial na época.
A origem geográfica da pandemia de gripe de 1918-1919 é desconhecida. Foi designada de «gripe espanhola», «gripe pneumónica, peste pneumónica» ou, simplesmente, «pneumónica».
A doença terá sido observada pela primeira vez a 4 de Março de 1918 no Campo Funston, no Kansas, nos EUA. Na altura, o vírus, também ele um H1N1, causava problemas respiratórios leves, mas era muito contagioso.
A doença foi observada também em Queens, Nova Iorque, em Março. Os primeiros casos conhecidos de gripe na Europa ocorreram em Abril de 1918 com tropas francesas, britânicas e americanas, estacionadas nos portos de embarque em França.
Em Maio, a doença atingiu a Grécia, Espanha e Portugal. Em Junho, a Dinamarca e a Noruega. Em Agosto, os Países Baixos e a Suécia. Todos os exércitos estacionados na Europa foram severamente afectados pela doença, calculando-se que cerca de 80% das mortes do exército dos EUA se deveram à «gripe espanhola».
Evolução temporal da pandemia
A pandemia de 1918/1919 desenvolveu-se em três ondas epidémicas:
1. A primeira, mais benigna, surgiu na Primavera e terminou em Agosto de 1918;
2. A segunda começou no Outono de 1918 e terminou entre os meses de Dezembro e Janeiro, tendo sido de extraordinária gravidade, afectando grande parte da população mundial e com uma taxa de letalidade de 6 a 8%;
3. A terceira e derradeira, começou em Fevereiro de 1919 e terminou em Maio do mesmo ano.
A pandemia caracterizou-se pela elevada morbilidade e mortalidade, especialmente nos sectores jovens da população e pela frequência das complicações associadas.
Calcula-se que afectou 50% da população mundial, tendo matado 50 milhões de pessoas, pelo que foi qualificada como o mais grave conflito epidémico de todos os tempos. A falta de estatísticas fiáveis, principalmente no Oriente (China, Índia, etc.) pode ocultar um número ainda maior de vítimas.
É provável que o vírus responsável pela pandemia esteja relacionado com o vírus da gripe suína, isolado por Richard E. Shope em 1920.
Em Portugal, verificou-se uma elevadíssima taxa de mortalidade, com duas ondas epidémicas e uma ocorrência muito marcada entre os 20 e os 40 anos, que terá causado cerca de 120.000 mortos.
ora deixa experimentar....
A caleche
Nikolai Gógol
A cidadezinha de B. animou-se muito quando nela se aboletou o regimento de cavalaria ***.
Antes disso, pasmava num tédio mortal. Quando, por acaso, passamos por esta cidade e olhamos
para as casas baixinhas e rebocadas de argila, emanando um incrível azedume, pronto ... é
impossível exprimir como se nos aflige o coração: tanto é o anojo, como se acabássemos de perder
ao jogo ou de dizer alguma coisa despropositada – é mau, mau, mau, e está tudo dito. Com as
chuvas, o barro desprendeu-se das paredes que de brancas se tornaram malhadas; os telhados são,
na sua maioria, cobertos de junco, como é hábito nas nossas cidades do sul; quanto aos
jardinzinhos, havia muito que o governador civil, com o intuito de melhorar a paisagem urbana, os
mandara cortar. Nas ruas não encontramos vivalma que não seja um galo atravessando a calçada
macia como uma almofada por causa da camada grossa de poeira acumulada que, à mínima pinga
de chuva, se transforma em lama; então, as ruas da cidade de B. enchem-se daqueles animais
corpulentos a que o governador civil local chama de franceses. Assomando os focinhos sisudos das
suas banheiras, levantam grunhidos tais que o viajante se vê obrigado a apressar imediatamente os
cavalos. De resto, é difícil encontrar um viajante na cidade de B. É raro, muito raro, que um
qualquer proprietário rural possuidor de onze almas camponesas e vestido de sobrecasaca de
nanquim rode pela calçada num híbrido de britchka e carroça, espreitando por detrás dos sacos de
farinha amontoados e chicoteando a sua égua baia atrás da qual corre um potro. A própria praça do
mercado tem um ar um pouco triste: a casa do alfaiate está disposta de maneira muito estúpida, não
oferecendo à praça a sua fachada mas a empena; ora, em frente desta está a ser construído há já
quinze anos um prédio qualquer de pedra e com duas janelas. Mais adiante ergue-se, isolado, o
tapume da moda, feito de tábuas pintadas de cinzento a condizerem com a lama, mandado construir
como modelo pelo governador civil nos seus anos jovens, quando ainda não tinha o hábito de
dormir logo após o almoço e de beber à noite, antes de ir para a cama, uma decocção qualquer feita
com bagas secas de groselha espinhosa: Noutros lugares, só paliçadas; no meio da praça, umas
lojecas minúsculas onde encontramos sempre uma fiada de roscas, uma mulher de lenço vermelho,
uma arroba de sabão, várias libras de amêndoa amarga, chumbo para a espingarda, pano demicoton
e dois encarregados comerciais jogando à porta da venda, todo o tempo, à svaika1 Porém, mal se
aboletou na cidade de B. um regimento de cavalaria, tudo se alterou. As ruas animaram-se,
tornaram-se coloridas – isto é, o seu aspecto mudou da noite para o dia. As casas baixinhas, volta e
meia, viam passar a seu lado um destro e esbelto oficial, de penacho na barretina, de visita a um
1 Jogo tradicional: um prego, ou cravo, com cabeça grande, é lançado, passa através de um anel e
espeta-se no chão (uma espécie do jogo do espeto). (N do T.)
camarada para falar com ele de promoções, do excelente tabaco ou mesmo para apostar às cartas
uma charrete que podia ser considerada regimental já que, sem sair do regimento, passava por todas
as mãos: hoje transportava o major, amanhã estava na cocheira do tenente, uma semana depois já a
ordenança do major voltava a untá-la de sebo. A paliçada de madeira entre os quintais estava toda
cheia de bonés dos soldados, pendurados ao sol; nalgum portão pendia, infalivelmente, um capote
cinzento; pelas ruelas andavam soldados com bigodes rijos como escovas de calçado. Entreviam-se
por todo o lado tais bigodes. Juntavam-se no mercado as citadinas com os seus púcaros – e já por
trás dos seus ombros se assomavam os bigodes. No estrado dos anúncios, já um soldado de
bigodaça ensaboava a barba a algum campónio atoleimado que só pigarreava esbugalhando os
olhos. Os oficiais animaram a boa sociedade que, antes disso, era constituída apenas pelo juiz, que
vivia na mesma casa que a viúva de um diácono qualquer, e pelo governador civil, um homem
ajuizado que dormia, literalmente, todo o tempo: depois do almoço até à noite e desde a noite até ao
almoço. Pois esta sociedade tornou-se ainda mais numerosa quando o alojamento do brigadeirogeneral
foi transferido para aqui. Os proprietários das terras circunvizinhas, de cuja existência
ninguém fazia a mínima ideia até então, começaram a frequentar a cidadezinha distrital para
visitarem os senhores oficiais e, até, para jogarem à banca, jogo esse com as regras já bastante
obscurecidas nas suas cabeças atulhadas de sementeiras, recados da esposa e caça à lebre. Tenho
muita pena de não me poder lembrar da ocasião em que o brigadeiro-general deu um grande
almoço; os preparativos do ágape eram gigantescos: na cozinha do general, o barulho das facas
ouvia-se até às portas da cidade. Para o banquete, todo o mercado se esvaziou completamente de
víveres, ao ponto de o juiz e mais a viúva do diácono se verem obrigados a comer apenas panquecas
de fagópiro e kissel2 de fécula de batata. O quintalzinho da casa do general estava atafulhado de
charretes e caleches. A sociedade convidada era exclusivamente masculina: oficiais do exército e
alguns proprietários rurais da vizinhança. De entre estes últimos, o mais notável era Pifagor
Pifagórovitch Tchertokútski, um dos principais aristocratas do distrito de B., o homem que maior
alarido armava nas eleições e que lá vinha agora na sua carruagem janota. Servira outrora num
regimento de cavalaria, tendo sido um dos seus mais importantes e destacados oficiais. Pelos
menos, era visto em muitos bailes e serões nas localidades por onde passava o seu regimento; basta
perguntá-lo, aliás, às meninas de Tambov e Simbirsk. Seria muito possível ter deixado também uma
vantajosa fama noutras províncias se não tivesse passado à reserva por alturas daquilo a que se
costuma chamar «uma história desagradável»: ou ele deu um sopapo a alguém, ou alguém lhe deu
um sopapo, não consigo lembrar-me, mas o certo foi que lhe sugeriram a passagem à reserva. De
resto, ele não perdeu com isso a dignidade, de modo algum: usava casaca de cinta alta à maneira da
farda militar, esporas nas botas e bigode sob o nariz, não fossem os fidalgos pensar que ele servira
2 Prato gelatinoso (N. do T.)
na infantaria, a que costumava chamar com desprezo peonagem ou, então, peoagem. Frequentava
todas as concorridas feiras a que a Rússia Interior – formada de mãezinhas, criancinhas, filhinhas e
senhores da terra gordos – acorria para se divertir nas suas britchkas, traquitanas, charretes e coches
de modelos tais que nem em sonhos nos aparecem. Tchertokútski sabia pelo faro onde um
regimento de cavalaria estava aboletado e logo se apressava a visitar os senhores oficiais. Apeava-se
de um salto, com muita destreza, da sua caleche levezinha, ou da charrete, e travava conhecimento
num instante. Nas últimas eleições dera à fidalguia um excelente almoço no qual anunciou que, se
fosse eleito decano da nobreza, poria os fidalgos a viver à grande. Em geral, armava-se em senhor,
como se diz na província, casara-se com uma mulher bastante bonita, recebera duzentas almas
camponesas de dote e vários milhares em dinheiro. O dinheiro foi aplicado imediatamente na
compra de seis cavalos realmente soberbos, de fechaduras douradas para as portas, de um
macaquinho domesticado, e no recrutamento de um mordomo francês. Ora, as duzentas almas de
dote, juntamente com outras duzentas que já eram dele, foram empenhadas no montepio para umas
transacções comerciais quaisquer. Em resumo, era um senhor da terra como devia ser... Um senhor
de mérito. No almoço do general compareceram, além deste senhor, mais alguns proprietários
rurais, mas não interessa falar deles. Os outros convidados eram todos oficiais médios do dito
regimento e ainda dois oficiais superiores: um coronel e um major bastante gordo. O próprio
general era robusto e corpulento e, na opinião dos senhores oficiais, nada mau como chefe, aliás.
Falava numa voz de baixo muito espessa e imponente. O almoço era extraordinário: três variedades
de esturjões, abetardas, espargos, codornizes, perdizes e cogumelos provavam que o cozinheiro
desde a véspera não ingerira uma gota de aguardente, e quatro soldados munidos de facas – os
ajudantes – haviam trabalhado toda a noite nos fricassés e nas geleias. Um sem-fim de garrafas – de
pescoço comprido as de Lafitte, de gargalinho curto as de Madeira –, um maravilhoso dia estival, as
janelas escancaradas, os pratos com gelo na mesa, o botão de cima desabotoado dos senhores
oficiais, o peitilho amarrotado dos portadores de casaca de grande capacidade, as conversas
cruzadas regadas a champanhe, em que soava mais alto a voz do general – tudo estava em perfeita
sintonia. Depois do almoço todos se levantaram com aquele peso agradável nos estômagos e,
acendendo os cachimbos, curtos e compridos, saíram para a soleira da porta com as chávenas de
café nas mãos.
As fardas do general, do coronel e, inclusive, do major estavam totalmente desabotoadas, pelo
que se viam um pouco os nobres suspensórios de seda; os senhores oficiais, porém, guardando o
devido respeito, mantinham o uniforme abotoado, à excepção apenas dos três botões de cima.
– Agora, podemos vê-la – disse o general. – Por favor, meu caro – dirigiu-se ao seu ajudante-decampo,
um jovem bastante lesto e de aparência agradável –, manda trazer a minha égua baia!
Agora, vão ver. – O general tirou uma fumaça, soltou uma baforada. – Não está cuidada como
devia: maldita cidade, não há uma cavalariça razoável. A égua (pff, pff) é bem boa!
– Então, há quanto tempo (pff, pff) Vossa Excelência tem esta égua? – perguntou Tchertokútski.
– Pff, pff, pff ... Ora bem, pff, não há muito. Há dois anos apenas que a comprei na coudelaria!
– Então, e Vossa Excelência comprou-a já adestrada ou adestrou-a em casa?
– Pff, pff, pff, ff,ff, pf .. f ... f ... pff, em casa. – Dizendo isto, o general desapareceu por entre o
fumo.
Entretanto, saiu um soldado da cavalariça, ouviu-se o bater de cascos e, por fim, apareceu outro,
de bata branca e enorme bigode negro, trazendo pela arreata uma égua que estremecia e se
assustava, e que, levantando de supetão a cabeça, por pouco não levantou também o soldado que se
agachara e mais ao bigode. «Então, então, Agrafena Ivánovna!» - dizia ele, levando-a até junto da
ombreira.
A égua chamava-se, por conseguinte, Agrafena Ivánovna; era forte e selvagem como uma
beldade meridional, bateu com os cascos nos degraus de madeira e parou bruscamente.
O general tirou o cachimbo da boca e, com ar de grande satisfação, pôs-se a olhar para Agrafena
Ivánovna. O próprio coronel desceu as escadas e abraçou Agrafena Ivánovna pelo focinho. O
próprio major deu palmadinhas na perna de Agrafena Ivánovna; os outros estalaram as línguas.
Tchertokútski desceu a escada e pôs-se atrás da égua. O soldado, esticando-se e segurando a
rédea, olhava os convidados nos olhos, como se quisesse saltar para dentro deles.
– Muito, muito boa! – disse Tchertokútski. – Uma estampa! Mas permita que lhe pergunte,
Excelência, como é o passo dela?
– O passo é bom; só que ... sei lá, cos diabos ... o parvalhão do auxiliar-médico deu-lhe uns
comprimidos quaisquer, e há dois dias que ela não pára de espirrar.
– Muito, muitíssimo catita. Mas terá Vossa Excelência carruagem apropriada para ela?
– Carruagem? ... Mas é uma besta de sela.
– Eu sei que é; fiz esta pergunta a Vossa Excelência apenas para saber se tem uma carruagem
apropriada para outros cavalos.
– Bem, na verdade não tenho carruagens suficientes: digo-lhe com toda a franqueza: há muito
que gostava de ter uma caleche moderna. Já escrevi a este propósito ao meu irmão que está neste
momento em Petersburgo, mas não sei se ele a manda ou não.
– Parece-me, Excelência – observou o coronel–, que não há melhor caleche do que a vienense.
– Tem toda a razão, pff, pff, pff.
– Eu, Excelência, tenho uma caleche extraordinária, de de verdadeiro fabrico vienense – disse
Tchertokútski.
– Qual? Essa em que veio?
– Oh, não! Esta é a do dia a dia, para eu andar por aí, mas a outra ... é espantosa, levezinha como
uma pena; se Vossa Excelência se sentar nela tem a sensação, desculpe a expressão, de estar a ser
embalado no berço pela ama!
– Ou seja, é confortável?
– Confortável? Muito: almofadas, molas, tudo como num quadro.
– Isso é bom.
– E quanta coisa lá cabe! Nunca vi nada parecido, Excelência. Quando estava no activo, metia
dez garrafas de rum e vinte libras de tabaco na bagageira; e ainda seis fardas, roupa interior e dois
cachimbos turcos, Excelência, tão compridos, desculpe a expressão, como uma ténia; ora bem, e nas
bolsas pode-se meter um boi.
– Isso é bom.
– Custou quatro mil rublos, Excelência.
– Pelo preço, tem de ser boa. Foi você próprio quem a comprou?
- Não, Excelência, veio parar-me às mãos por acaso. Quem a comprou foi um amigo meu, um
homem de qualidades raras, meu companheiro de infância. Vossa Excelência e ele, se se
conhecessem, encontrariam muita coisa em comum. Éramos tão amigos que o que era meu também
era dele, e vice-versa. Ganhei-lha ao jogo. Não quererá Vossa Excelência dar-me a honra de almoçar
amanhã em minha casa? Então verá a caleche.
– Não sei o que dizer ... Ir sozinho é, de algum modo ... A não ser que os senhores oficiais
também vão ... Não se importa? – Os senhores oficiais também, com certeza, peço-lhes
encarecidamente. Meus senhores, será para mim uma grande honra recebê-los em minha casa!
O coronel, o major e os outros oficiais agradeceram com vénias corteses.
– A minha opinião, Excelência, é que, se decidirmos comprar, tem de ser uma coisa boa, porque
uma coisa fraca não vale a pena. Eu, por exemplo ... quando amanhã me derem a honra de me
visitarem, vou mostrar-lhes algumas inovações na minha propriedade.
O general olhou para ele e soltou o fumo da boca.
Tchertokútski estava contentíssimo por ter convidado aqueles senhores oficiais; já se via, mental
e antecipadamente, a mandar preparar patés e molhos e lançava olhares alegres para os senhores
oficiais; estes, por seu lado, como que redobraram de simpatia para com ele, o que era visível nas
suas expressões e naqueles pequenos movimentos de corpo – uma espécie de vénias. Tchertokútski,
agora mais à vontade, chegava-se à frente, desembaraçado, a sua voz soava com desenvoltura: uma
voz donde emanava prazer.
– Uma vez lá, Vossa Excelência conhecerá a dona da casa.
– Com muito prazer – disse o general, alisando o bigode.
Depois disto, Tchertokútski quis ir imediatamente para casa, para, com antecedência, preparar
tudo para o dia seguinte. Já pegara no chapéu mas, por mais estranho que pareça, não foi. decidiu
ficar mais um pouco. Entretanto, já tinham sido postas mesas de jogo na sala. A sociedade não
tardou em dividir-se, para o whist, em mesas de quatro pessoas que se sentaram em todos os cantos
da sala.
Acenderam-se as velas. Tchertokútski demorou a decidir se sentaria ou não a jogar, mas como os
senhores oficiais insistiam em convidá-lo, pareceu-lhe que seria contra as regras de convívio
recusar-se. Sentou-se. Despercebidamente, surgiu diante dele um copo de ponche que, distraído,
emborcou num instante. Depois de jogar dois róberes, Tchertokútski voltou a achar à mão mais um
copo de ponche que também emborcou sem se dar conta, não antes ter dito: «São horas de ir para
casa, meus senhores, juro que são horas.» No entanto, ficou para mais um jogo. Entretanto, nos
vários cantos da sala, as conversas tomavam um rumo muito especial. Os jogadores de whist
estavam bastante taciturnos, mas os outros, sentados nos divãs, conversavam. O capitão, num canto,
metendo debaixo dos rins uma almofada e o cachimbo na boca, contava, de forma bastante livre e
fluente, as suas aventuras amorosas, agarrando plenamente a atenção do círculo que o rodeava. Um
proprietário rural extremamente gordo, de braços curtos lembrando um pouco duas batatas
crescidas, ouvia com um ar melífluo e apenas de vez em quando tentava meter a mão curta por trás
das costas para de lá extrair a tabaqueira. Noutro canto armou-se uma discussão bastante escaldante
sobre o treino do esquadrão, e Tchertokútski, que nesta altura já por duas vezes dera o valete em vez
da dama, intrometia-se na conversa e gritava do seu lugar: «Em que ano?», ou «De que regimento?»
sem reparar que as perguntas eram completamente despropositadas. Por fim, uns minutos antes do
jantar, acabou cerce o whist, mas foi como se ainda continuasse em todas as bocas, como se todas as
cabeças ainda estivessem cheias de whist. Tchertokútski lembrava-se muito bem de que ganhara
muito, mas não pegou em nada e, levantando-se, ficou muito tempo na pose de quem não tem lenço
no bolso. Entretanto, serviram o jantar. É óbvio que não havia falta de vinhos e que Tchertokútski,
quase involuntariamente, tinha de encher de vez em quando o seu copo porque havia garrafas à sua
direita e à sua esquerda.
A conversa que se encetou à mesa era longuíssima mas conduzida de forma estranha. Um
proprietário rural que servira no exército durante a campanha de 1812 descrevia uma batalha que
nunca aconteceu, e depois, inexplicavelmente, tirou a tampa de um jarro e espetou-a no bolo.
Em suma, quando começaram a despedir-se já eram três da manhã, e os cocheiros foram obrigados
a carregar com algumas personalidades como se fossem trouxas de compras; Tchertokútski, apesar
de todo o seu aristocracismo. sentado na caleche fazia reverências tão profundas, de tal amplidão
que chegou a casa com duas pegamassas presas ao bigode.
Em casa, toda a gente dormia. O cocheiro teve dificuldade em encontrar o criado grave. Este
ajudou então o senhor a atravessar a sala de estar e entregou-o à criada de quarto, com a qual
Tchertokútski conseguiu chegar ao quarto de dormir onde logo tombou ao lado da sua jovem e bela
mulher de camisa de noite branca de neve e deitada numa pose encantadora. O abalo provocado
pela queda do esposo na cama acordou-a. Esticou-se, ergueu as pálpebras e por três vezes
pestanejou, depois abriu os olhos com sorriso meio zangado; vendo porém que ele não estava
propenso, definitivamente, a dar-lhe qualquer carinho, virou-se com desgosto para o outro lado e,
pousando a bochecha fresca sobre a mão, adormeceu de seguida.
À hora a que nas aldeias não se chama «cedo», a jovem dona de casa acordou ao lado do marido
que ressonava. Ao lembrar de que ele voltara já depois das três da madrugada, teve pena o acordar
e, calçando as pantufas encomendadas pelo marido em Petersburgo e pondo o penteador branco que
lhe caía no corpo como água em cascata, entrou no seu boudoir, lavou a cara água tão fresca como
ela própria e aproximou-se da toilette. Olhando-se ao espelho urna e outra vez, achou que não
estava nada mal.
Esta circunstância, talvez insignificante, obrigou-a a ficar diante do espelho duas horas a mais.
Por fim vestiu-se de maneira muito querida e saiu para o ar fresco do jardim. O tempo, nem de
propósito, estava excelente, coisa de que só pode gabar-se um dia estival do Sul. O sol aproximavase
do meio-dia e embora queimasse, com toda a força dos seus raios, podia-se passear à fresca nas
alamedas, sob as copas das árvores. As flores, aquecidas pelo sol, triplicavam de fragrância. A bela
dona de casa esqueceu-se por completo de que já era meio-dia e o marido ainda estava a dormir. Já
lhe chegava aos ouvidos o ressonar pós-almoço de dois cocheiros e um boleeiro, que dormiam na
cavalariça por trás do jardim, e ela continuava sentada na espessa alameda, donde se abria a vista
para a estrada; ela olhava distraidamente para a sua monotonia desértica quando, de repente, umas
nuvens de poeira ao longe lhe chamaram a atenção. Fixando melhor os olhos, viu as carruagens que
chegavam. À frente rodava uma pequena caleça ligeira transportando um general com dragonas
grossas que brilhavam ao sol, e um coronel a seu lado. Seguia-a outra, de quatro lugares, com um
major, o ajudante-de-campo do general e mais dois oficiais; atrás vinha a famosa charrete do
regimento, desta vez na posse do major gordo; atrás da charrete vinha um bon-voyage de quatro
lugares ocupados por quatro oficiais e mais um quinto ao colo ... Atrás do bon-voyage galopavam
três oficiais em excelentes baios com manchas escuras.
«Será para nós? - pensou a senhora. – Ah, meu Deus, eles realmente viraram para a ponte!»
Soltou um grito, bateu com as mãos nas ancas e, metendo a direito pelos canteiros e pisando as
flores, correu ao quarto do marido. Este dormia como uma pedra.
– Levanta-te, levanta-te! Depressa! – gritava ela puxando-lhe a mão.
– Hã? – disse Tchertokútski estremunhado, mas sem abrir ainda os olhos.
– Levanta-te, chuchu! Ouviste? Visitas!
– Visitas? Que visitas? – Dizendo isto, emitiu um pequeno mugido como um vitelo procurando
as tetas da mãe. – Humm – resmungava ele – dá-me o teu pescocinho, bichinha. Para dar um
beijinho.
– Alminha, levanta-te depressa, por amor de Deus. É o general com os oficiais! Ah, meu Deus,
tens pegamassas no bigode.
– O general? Ah, então ele já aí vem? Mas por que raio ninguém me acordou? Então, e o
almoço? Está tudo a andar?
– Qual almoço?
– O quê, não o mandei preparar?
– Tu? Voltaste às quatro da manhã e, por mais perguntas que eu te fizesse, não disseste nada.
Não te acordei, chuchu, que tive pena de ti, não dormiste nada ... – Estas últimas palavras foram
ditas numa voz lânguida e suplicante.
Tchertokútski, agora com os olhos bem arregalados, ficou um minuto estendido, como que
fulminado por um raio. Por fim saltou da cama, só em camisa, esquecendo-se de que era indecente.
– Arre, que burro eu sou! – disse ele dando uma palmada testa. – Convidei-os para almoçar. O
que é que eu faço? Ainda tão longe?
– Não sei... devem estar a chegar.
– Alminha... esconde-te! ... Eh, alguém! Tu, rapariga! Anda cá, sua parva, por que estás com
medo? Daqui a nada chegam os oficiais. Diz-lhes que o senhor não está em casa, nem vai estar, que
saiu logo de manhã, ouviste? E avisa a criadagem toda, vai, rápido!
Disse isto e apanhou à pressa o roupão, e foi esconder-se na cocheira, supondo que lá estaria em
segurança. Porém, depois de se meter num canto do barracão, percebeu que também ali podia ser
visto. «Será melhor assim ... », passou-lhe pela cabeça e, num instante, baixou a estribeira da
caleche mais próxima, saltou para dentro, fechou as portinholas e o tejadilho, cobriu-se com o
avental, para maior segurança, e ali ficou, quietinho, enroscado e embrulhado no roupão.
Entretanto, as carruagens dos visitantes aproximaram-se da porta.
Saiu o general e sacudiu os ombros, atrás dele o coronel ajeitando o penacho do chapéu. Depois
saltou da charrete o major gordo, com o sabre debaixo do braço. A seguir saltaram do bon-voyage
os tenentes magrinhos e o alferes que viajara ao colo deles, e finalmente apearam-se dos cavalos os
galhardos oficiais.
– O meu amo não está – disse o lacaio saindo à soleira.
– Como é que não está? Mas volta para o almoço, não?
– Não, Excelência. O meu amo saiu por todo o dia. Talvez só volte amanhã para casa, a esta
hora.
– Irra, que coisa! – disse o general. – Como é possível?
– Francamente! – disse o coronel, rindo-se.
– Não, desculpem, como é possível fazer uma coisa destas? – continuou o general com
desagrado. – Chiça ... Diabo ... Se não podia receber, por que convidou?
- Não percebo, Excelência, como se pode fazer uma coisa destas – secundou um jovem oficial.
– Como? – disse o general, que tinha o hábito de utilizar este advérbio interrogativo quando
falava com um oficial subalterno.
– Digo eu, Excelência: como se pode proceder desta maneira:
– É natural ... Bom, não lhe foi possível, ou então, não sei ... Mas, ao menos, que avisasse, ou
não convidasse.
– Então, Excelência, nada a fazer, vamos embora! – disse coronel.
– Obviamente, não há outro remédio. Aliás, podemos ver caleche, mesmo sem ele.
Provavelmente não a levou. Eh, alguém! Tu, vem cá, amigo!
– Diga, meu senhor!
– És cavalariço?
– Sou, Excelência.
– Mostra-nos a caleche nova que o teu amo arranjou há pouco.
– Com certeza, faça o favor de entrar no barracão!
O general e os oficiais foram ao barracão.
– Deixem-me tirá-la um pouco para cá, porque está escuro.
– Chega, chega, está bom!
O general e os oficiais andaram à volta da caleche e examinaram minuciosamente as rodas e as
molas.
– Ora, nada de especial – disse o general – , a caleche é absolutamente vulgar.
– Sem graça nenhuma – disse o coronel –, não há nada especial nela.
– Não me parece que valha quatro mil rublos, Excelência – disse um dos jovens oficiais.
– Como?
– Estou a dizer, Excelência, que na minha opinião ela não vale quatro mil.
– Quatro mil?! Nem dois mil. Não tem absolutamente nada de especial. A não ser que haja
qualquer coisa lá dentro ... Por favor, amigo, abre o tejadilho ...
E apareceu diante dos olhos dos oficiais Tchertokútski, de roupão e enroscado de forma
invulgar.
– Ah-ah, afinal está cá! ... – disse o espantado general.
Dito isto, o general voltou a cobrir Tchertokútski com o avental, fechou as portinholas e foi-se
embora juntamente com os senhores oficiais.
Extraído do Livro “Contos de São Petersburgo”, colecção Biblioteca Editores Independentes
Leia mais contos na secção Biblioteca de Esquerda.net
Nikolai Gógol
A cidadezinha de B. animou-se muito quando nela se aboletou o regimento de cavalaria ***.
Antes disso, pasmava num tédio mortal. Quando, por acaso, passamos por esta cidade e olhamos
para as casas baixinhas e rebocadas de argila, emanando um incrível azedume, pronto ... é
impossível exprimir como se nos aflige o coração: tanto é o anojo, como se acabássemos de perder
ao jogo ou de dizer alguma coisa despropositada – é mau, mau, mau, e está tudo dito. Com as
chuvas, o barro desprendeu-se das paredes que de brancas se tornaram malhadas; os telhados são,
na sua maioria, cobertos de junco, como é hábito nas nossas cidades do sul; quanto aos
jardinzinhos, havia muito que o governador civil, com o intuito de melhorar a paisagem urbana, os
mandara cortar. Nas ruas não encontramos vivalma que não seja um galo atravessando a calçada
macia como uma almofada por causa da camada grossa de poeira acumulada que, à mínima pinga
de chuva, se transforma em lama; então, as ruas da cidade de B. enchem-se daqueles animais
corpulentos a que o governador civil local chama de franceses. Assomando os focinhos sisudos das
suas banheiras, levantam grunhidos tais que o viajante se vê obrigado a apressar imediatamente os
cavalos. De resto, é difícil encontrar um viajante na cidade de B. É raro, muito raro, que um
qualquer proprietário rural possuidor de onze almas camponesas e vestido de sobrecasaca de
nanquim rode pela calçada num híbrido de britchka e carroça, espreitando por detrás dos sacos de
farinha amontoados e chicoteando a sua égua baia atrás da qual corre um potro. A própria praça do
mercado tem um ar um pouco triste: a casa do alfaiate está disposta de maneira muito estúpida, não
oferecendo à praça a sua fachada mas a empena; ora, em frente desta está a ser construído há já
quinze anos um prédio qualquer de pedra e com duas janelas. Mais adiante ergue-se, isolado, o
tapume da moda, feito de tábuas pintadas de cinzento a condizerem com a lama, mandado construir
como modelo pelo governador civil nos seus anos jovens, quando ainda não tinha o hábito de
dormir logo após o almoço e de beber à noite, antes de ir para a cama, uma decocção qualquer feita
com bagas secas de groselha espinhosa: Noutros lugares, só paliçadas; no meio da praça, umas
lojecas minúsculas onde encontramos sempre uma fiada de roscas, uma mulher de lenço vermelho,
uma arroba de sabão, várias libras de amêndoa amarga, chumbo para a espingarda, pano demicoton
e dois encarregados comerciais jogando à porta da venda, todo o tempo, à svaika1 Porém, mal se
aboletou na cidade de B. um regimento de cavalaria, tudo se alterou. As ruas animaram-se,
tornaram-se coloridas – isto é, o seu aspecto mudou da noite para o dia. As casas baixinhas, volta e
meia, viam passar a seu lado um destro e esbelto oficial, de penacho na barretina, de visita a um
1 Jogo tradicional: um prego, ou cravo, com cabeça grande, é lançado, passa através de um anel e
espeta-se no chão (uma espécie do jogo do espeto). (N do T.)
camarada para falar com ele de promoções, do excelente tabaco ou mesmo para apostar às cartas
uma charrete que podia ser considerada regimental já que, sem sair do regimento, passava por todas
as mãos: hoje transportava o major, amanhã estava na cocheira do tenente, uma semana depois já a
ordenança do major voltava a untá-la de sebo. A paliçada de madeira entre os quintais estava toda
cheia de bonés dos soldados, pendurados ao sol; nalgum portão pendia, infalivelmente, um capote
cinzento; pelas ruelas andavam soldados com bigodes rijos como escovas de calçado. Entreviam-se
por todo o lado tais bigodes. Juntavam-se no mercado as citadinas com os seus púcaros – e já por
trás dos seus ombros se assomavam os bigodes. No estrado dos anúncios, já um soldado de
bigodaça ensaboava a barba a algum campónio atoleimado que só pigarreava esbugalhando os
olhos. Os oficiais animaram a boa sociedade que, antes disso, era constituída apenas pelo juiz, que
vivia na mesma casa que a viúva de um diácono qualquer, e pelo governador civil, um homem
ajuizado que dormia, literalmente, todo o tempo: depois do almoço até à noite e desde a noite até ao
almoço. Pois esta sociedade tornou-se ainda mais numerosa quando o alojamento do brigadeirogeneral
foi transferido para aqui. Os proprietários das terras circunvizinhas, de cuja existência
ninguém fazia a mínima ideia até então, começaram a frequentar a cidadezinha distrital para
visitarem os senhores oficiais e, até, para jogarem à banca, jogo esse com as regras já bastante
obscurecidas nas suas cabeças atulhadas de sementeiras, recados da esposa e caça à lebre. Tenho
muita pena de não me poder lembrar da ocasião em que o brigadeiro-general deu um grande
almoço; os preparativos do ágape eram gigantescos: na cozinha do general, o barulho das facas
ouvia-se até às portas da cidade. Para o banquete, todo o mercado se esvaziou completamente de
víveres, ao ponto de o juiz e mais a viúva do diácono se verem obrigados a comer apenas panquecas
de fagópiro e kissel2 de fécula de batata. O quintalzinho da casa do general estava atafulhado de
charretes e caleches. A sociedade convidada era exclusivamente masculina: oficiais do exército e
alguns proprietários rurais da vizinhança. De entre estes últimos, o mais notável era Pifagor
Pifagórovitch Tchertokútski, um dos principais aristocratas do distrito de B., o homem que maior
alarido armava nas eleições e que lá vinha agora na sua carruagem janota. Servira outrora num
regimento de cavalaria, tendo sido um dos seus mais importantes e destacados oficiais. Pelos
menos, era visto em muitos bailes e serões nas localidades por onde passava o seu regimento; basta
perguntá-lo, aliás, às meninas de Tambov e Simbirsk. Seria muito possível ter deixado também uma
vantajosa fama noutras províncias se não tivesse passado à reserva por alturas daquilo a que se
costuma chamar «uma história desagradável»: ou ele deu um sopapo a alguém, ou alguém lhe deu
um sopapo, não consigo lembrar-me, mas o certo foi que lhe sugeriram a passagem à reserva. De
resto, ele não perdeu com isso a dignidade, de modo algum: usava casaca de cinta alta à maneira da
farda militar, esporas nas botas e bigode sob o nariz, não fossem os fidalgos pensar que ele servira
2 Prato gelatinoso (N. do T.)
na infantaria, a que costumava chamar com desprezo peonagem ou, então, peoagem. Frequentava
todas as concorridas feiras a que a Rússia Interior – formada de mãezinhas, criancinhas, filhinhas e
senhores da terra gordos – acorria para se divertir nas suas britchkas, traquitanas, charretes e coches
de modelos tais que nem em sonhos nos aparecem. Tchertokútski sabia pelo faro onde um
regimento de cavalaria estava aboletado e logo se apressava a visitar os senhores oficiais. Apeava-se
de um salto, com muita destreza, da sua caleche levezinha, ou da charrete, e travava conhecimento
num instante. Nas últimas eleições dera à fidalguia um excelente almoço no qual anunciou que, se
fosse eleito decano da nobreza, poria os fidalgos a viver à grande. Em geral, armava-se em senhor,
como se diz na província, casara-se com uma mulher bastante bonita, recebera duzentas almas
camponesas de dote e vários milhares em dinheiro. O dinheiro foi aplicado imediatamente na
compra de seis cavalos realmente soberbos, de fechaduras douradas para as portas, de um
macaquinho domesticado, e no recrutamento de um mordomo francês. Ora, as duzentas almas de
dote, juntamente com outras duzentas que já eram dele, foram empenhadas no montepio para umas
transacções comerciais quaisquer. Em resumo, era um senhor da terra como devia ser... Um senhor
de mérito. No almoço do general compareceram, além deste senhor, mais alguns proprietários
rurais, mas não interessa falar deles. Os outros convidados eram todos oficiais médios do dito
regimento e ainda dois oficiais superiores: um coronel e um major bastante gordo. O próprio
general era robusto e corpulento e, na opinião dos senhores oficiais, nada mau como chefe, aliás.
Falava numa voz de baixo muito espessa e imponente. O almoço era extraordinário: três variedades
de esturjões, abetardas, espargos, codornizes, perdizes e cogumelos provavam que o cozinheiro
desde a véspera não ingerira uma gota de aguardente, e quatro soldados munidos de facas – os
ajudantes – haviam trabalhado toda a noite nos fricassés e nas geleias. Um sem-fim de garrafas – de
pescoço comprido as de Lafitte, de gargalinho curto as de Madeira –, um maravilhoso dia estival, as
janelas escancaradas, os pratos com gelo na mesa, o botão de cima desabotoado dos senhores
oficiais, o peitilho amarrotado dos portadores de casaca de grande capacidade, as conversas
cruzadas regadas a champanhe, em que soava mais alto a voz do general – tudo estava em perfeita
sintonia. Depois do almoço todos se levantaram com aquele peso agradável nos estômagos e,
acendendo os cachimbos, curtos e compridos, saíram para a soleira da porta com as chávenas de
café nas mãos.
As fardas do general, do coronel e, inclusive, do major estavam totalmente desabotoadas, pelo
que se viam um pouco os nobres suspensórios de seda; os senhores oficiais, porém, guardando o
devido respeito, mantinham o uniforme abotoado, à excepção apenas dos três botões de cima.
– Agora, podemos vê-la – disse o general. – Por favor, meu caro – dirigiu-se ao seu ajudante-decampo,
um jovem bastante lesto e de aparência agradável –, manda trazer a minha égua baia!
Agora, vão ver. – O general tirou uma fumaça, soltou uma baforada. – Não está cuidada como
devia: maldita cidade, não há uma cavalariça razoável. A égua (pff, pff) é bem boa!
– Então, há quanto tempo (pff, pff) Vossa Excelência tem esta égua? – perguntou Tchertokútski.
– Pff, pff, pff ... Ora bem, pff, não há muito. Há dois anos apenas que a comprei na coudelaria!
– Então, e Vossa Excelência comprou-a já adestrada ou adestrou-a em casa?
– Pff, pff, pff, ff,ff, pf .. f ... f ... pff, em casa. – Dizendo isto, o general desapareceu por entre o
fumo.
Entretanto, saiu um soldado da cavalariça, ouviu-se o bater de cascos e, por fim, apareceu outro,
de bata branca e enorme bigode negro, trazendo pela arreata uma égua que estremecia e se
assustava, e que, levantando de supetão a cabeça, por pouco não levantou também o soldado que se
agachara e mais ao bigode. «Então, então, Agrafena Ivánovna!» - dizia ele, levando-a até junto da
ombreira.
A égua chamava-se, por conseguinte, Agrafena Ivánovna; era forte e selvagem como uma
beldade meridional, bateu com os cascos nos degraus de madeira e parou bruscamente.
O general tirou o cachimbo da boca e, com ar de grande satisfação, pôs-se a olhar para Agrafena
Ivánovna. O próprio coronel desceu as escadas e abraçou Agrafena Ivánovna pelo focinho. O
próprio major deu palmadinhas na perna de Agrafena Ivánovna; os outros estalaram as línguas.
Tchertokútski desceu a escada e pôs-se atrás da égua. O soldado, esticando-se e segurando a
rédea, olhava os convidados nos olhos, como se quisesse saltar para dentro deles.
– Muito, muito boa! – disse Tchertokútski. – Uma estampa! Mas permita que lhe pergunte,
Excelência, como é o passo dela?
– O passo é bom; só que ... sei lá, cos diabos ... o parvalhão do auxiliar-médico deu-lhe uns
comprimidos quaisquer, e há dois dias que ela não pára de espirrar.
– Muito, muitíssimo catita. Mas terá Vossa Excelência carruagem apropriada para ela?
– Carruagem? ... Mas é uma besta de sela.
– Eu sei que é; fiz esta pergunta a Vossa Excelência apenas para saber se tem uma carruagem
apropriada para outros cavalos.
– Bem, na verdade não tenho carruagens suficientes: digo-lhe com toda a franqueza: há muito
que gostava de ter uma caleche moderna. Já escrevi a este propósito ao meu irmão que está neste
momento em Petersburgo, mas não sei se ele a manda ou não.
– Parece-me, Excelência – observou o coronel–, que não há melhor caleche do que a vienense.
– Tem toda a razão, pff, pff, pff.
– Eu, Excelência, tenho uma caleche extraordinária, de de verdadeiro fabrico vienense – disse
Tchertokútski.
– Qual? Essa em que veio?
– Oh, não! Esta é a do dia a dia, para eu andar por aí, mas a outra ... é espantosa, levezinha como
uma pena; se Vossa Excelência se sentar nela tem a sensação, desculpe a expressão, de estar a ser
embalado no berço pela ama!
– Ou seja, é confortável?
– Confortável? Muito: almofadas, molas, tudo como num quadro.
– Isso é bom.
– E quanta coisa lá cabe! Nunca vi nada parecido, Excelência. Quando estava no activo, metia
dez garrafas de rum e vinte libras de tabaco na bagageira; e ainda seis fardas, roupa interior e dois
cachimbos turcos, Excelência, tão compridos, desculpe a expressão, como uma ténia; ora bem, e nas
bolsas pode-se meter um boi.
– Isso é bom.
– Custou quatro mil rublos, Excelência.
– Pelo preço, tem de ser boa. Foi você próprio quem a comprou?
- Não, Excelência, veio parar-me às mãos por acaso. Quem a comprou foi um amigo meu, um
homem de qualidades raras, meu companheiro de infância. Vossa Excelência e ele, se se
conhecessem, encontrariam muita coisa em comum. Éramos tão amigos que o que era meu também
era dele, e vice-versa. Ganhei-lha ao jogo. Não quererá Vossa Excelência dar-me a honra de almoçar
amanhã em minha casa? Então verá a caleche.
– Não sei o que dizer ... Ir sozinho é, de algum modo ... A não ser que os senhores oficiais
também vão ... Não se importa? – Os senhores oficiais também, com certeza, peço-lhes
encarecidamente. Meus senhores, será para mim uma grande honra recebê-los em minha casa!
O coronel, o major e os outros oficiais agradeceram com vénias corteses.
– A minha opinião, Excelência, é que, se decidirmos comprar, tem de ser uma coisa boa, porque
uma coisa fraca não vale a pena. Eu, por exemplo ... quando amanhã me derem a honra de me
visitarem, vou mostrar-lhes algumas inovações na minha propriedade.
O general olhou para ele e soltou o fumo da boca.
Tchertokútski estava contentíssimo por ter convidado aqueles senhores oficiais; já se via, mental
e antecipadamente, a mandar preparar patés e molhos e lançava olhares alegres para os senhores
oficiais; estes, por seu lado, como que redobraram de simpatia para com ele, o que era visível nas
suas expressões e naqueles pequenos movimentos de corpo – uma espécie de vénias. Tchertokútski,
agora mais à vontade, chegava-se à frente, desembaraçado, a sua voz soava com desenvoltura: uma
voz donde emanava prazer.
– Uma vez lá, Vossa Excelência conhecerá a dona da casa.
– Com muito prazer – disse o general, alisando o bigode.
Depois disto, Tchertokútski quis ir imediatamente para casa, para, com antecedência, preparar
tudo para o dia seguinte. Já pegara no chapéu mas, por mais estranho que pareça, não foi. decidiu
ficar mais um pouco. Entretanto, já tinham sido postas mesas de jogo na sala. A sociedade não
tardou em dividir-se, para o whist, em mesas de quatro pessoas que se sentaram em todos os cantos
da sala.
Acenderam-se as velas. Tchertokútski demorou a decidir se sentaria ou não a jogar, mas como os
senhores oficiais insistiam em convidá-lo, pareceu-lhe que seria contra as regras de convívio
recusar-se. Sentou-se. Despercebidamente, surgiu diante dele um copo de ponche que, distraído,
emborcou num instante. Depois de jogar dois róberes, Tchertokútski voltou a achar à mão mais um
copo de ponche que também emborcou sem se dar conta, não antes ter dito: «São horas de ir para
casa, meus senhores, juro que são horas.» No entanto, ficou para mais um jogo. Entretanto, nos
vários cantos da sala, as conversas tomavam um rumo muito especial. Os jogadores de whist
estavam bastante taciturnos, mas os outros, sentados nos divãs, conversavam. O capitão, num canto,
metendo debaixo dos rins uma almofada e o cachimbo na boca, contava, de forma bastante livre e
fluente, as suas aventuras amorosas, agarrando plenamente a atenção do círculo que o rodeava. Um
proprietário rural extremamente gordo, de braços curtos lembrando um pouco duas batatas
crescidas, ouvia com um ar melífluo e apenas de vez em quando tentava meter a mão curta por trás
das costas para de lá extrair a tabaqueira. Noutro canto armou-se uma discussão bastante escaldante
sobre o treino do esquadrão, e Tchertokútski, que nesta altura já por duas vezes dera o valete em vez
da dama, intrometia-se na conversa e gritava do seu lugar: «Em que ano?», ou «De que regimento?»
sem reparar que as perguntas eram completamente despropositadas. Por fim, uns minutos antes do
jantar, acabou cerce o whist, mas foi como se ainda continuasse em todas as bocas, como se todas as
cabeças ainda estivessem cheias de whist. Tchertokútski lembrava-se muito bem de que ganhara
muito, mas não pegou em nada e, levantando-se, ficou muito tempo na pose de quem não tem lenço
no bolso. Entretanto, serviram o jantar. É óbvio que não havia falta de vinhos e que Tchertokútski,
quase involuntariamente, tinha de encher de vez em quando o seu copo porque havia garrafas à sua
direita e à sua esquerda.
A conversa que se encetou à mesa era longuíssima mas conduzida de forma estranha. Um
proprietário rural que servira no exército durante a campanha de 1812 descrevia uma batalha que
nunca aconteceu, e depois, inexplicavelmente, tirou a tampa de um jarro e espetou-a no bolo.
Em suma, quando começaram a despedir-se já eram três da manhã, e os cocheiros foram obrigados
a carregar com algumas personalidades como se fossem trouxas de compras; Tchertokútski, apesar
de todo o seu aristocracismo. sentado na caleche fazia reverências tão profundas, de tal amplidão
que chegou a casa com duas pegamassas presas ao bigode.
Em casa, toda a gente dormia. O cocheiro teve dificuldade em encontrar o criado grave. Este
ajudou então o senhor a atravessar a sala de estar e entregou-o à criada de quarto, com a qual
Tchertokútski conseguiu chegar ao quarto de dormir onde logo tombou ao lado da sua jovem e bela
mulher de camisa de noite branca de neve e deitada numa pose encantadora. O abalo provocado
pela queda do esposo na cama acordou-a. Esticou-se, ergueu as pálpebras e por três vezes
pestanejou, depois abriu os olhos com sorriso meio zangado; vendo porém que ele não estava
propenso, definitivamente, a dar-lhe qualquer carinho, virou-se com desgosto para o outro lado e,
pousando a bochecha fresca sobre a mão, adormeceu de seguida.
À hora a que nas aldeias não se chama «cedo», a jovem dona de casa acordou ao lado do marido
que ressonava. Ao lembrar de que ele voltara já depois das três da madrugada, teve pena o acordar
e, calçando as pantufas encomendadas pelo marido em Petersburgo e pondo o penteador branco que
lhe caía no corpo como água em cascata, entrou no seu boudoir, lavou a cara água tão fresca como
ela própria e aproximou-se da toilette. Olhando-se ao espelho urna e outra vez, achou que não
estava nada mal.
Esta circunstância, talvez insignificante, obrigou-a a ficar diante do espelho duas horas a mais.
Por fim vestiu-se de maneira muito querida e saiu para o ar fresco do jardim. O tempo, nem de
propósito, estava excelente, coisa de que só pode gabar-se um dia estival do Sul. O sol aproximavase
do meio-dia e embora queimasse, com toda a força dos seus raios, podia-se passear à fresca nas
alamedas, sob as copas das árvores. As flores, aquecidas pelo sol, triplicavam de fragrância. A bela
dona de casa esqueceu-se por completo de que já era meio-dia e o marido ainda estava a dormir. Já
lhe chegava aos ouvidos o ressonar pós-almoço de dois cocheiros e um boleeiro, que dormiam na
cavalariça por trás do jardim, e ela continuava sentada na espessa alameda, donde se abria a vista
para a estrada; ela olhava distraidamente para a sua monotonia desértica quando, de repente, umas
nuvens de poeira ao longe lhe chamaram a atenção. Fixando melhor os olhos, viu as carruagens que
chegavam. À frente rodava uma pequena caleça ligeira transportando um general com dragonas
grossas que brilhavam ao sol, e um coronel a seu lado. Seguia-a outra, de quatro lugares, com um
major, o ajudante-de-campo do general e mais dois oficiais; atrás vinha a famosa charrete do
regimento, desta vez na posse do major gordo; atrás da charrete vinha um bon-voyage de quatro
lugares ocupados por quatro oficiais e mais um quinto ao colo ... Atrás do bon-voyage galopavam
três oficiais em excelentes baios com manchas escuras.
«Será para nós? - pensou a senhora. – Ah, meu Deus, eles realmente viraram para a ponte!»
Soltou um grito, bateu com as mãos nas ancas e, metendo a direito pelos canteiros e pisando as
flores, correu ao quarto do marido. Este dormia como uma pedra.
– Levanta-te, levanta-te! Depressa! – gritava ela puxando-lhe a mão.
– Hã? – disse Tchertokútski estremunhado, mas sem abrir ainda os olhos.
– Levanta-te, chuchu! Ouviste? Visitas!
– Visitas? Que visitas? – Dizendo isto, emitiu um pequeno mugido como um vitelo procurando
as tetas da mãe. – Humm – resmungava ele – dá-me o teu pescocinho, bichinha. Para dar um
beijinho.
– Alminha, levanta-te depressa, por amor de Deus. É o general com os oficiais! Ah, meu Deus,
tens pegamassas no bigode.
– O general? Ah, então ele já aí vem? Mas por que raio ninguém me acordou? Então, e o
almoço? Está tudo a andar?
– Qual almoço?
– O quê, não o mandei preparar?
– Tu? Voltaste às quatro da manhã e, por mais perguntas que eu te fizesse, não disseste nada.
Não te acordei, chuchu, que tive pena de ti, não dormiste nada ... – Estas últimas palavras foram
ditas numa voz lânguida e suplicante.
Tchertokútski, agora com os olhos bem arregalados, ficou um minuto estendido, como que
fulminado por um raio. Por fim saltou da cama, só em camisa, esquecendo-se de que era indecente.
– Arre, que burro eu sou! – disse ele dando uma palmada testa. – Convidei-os para almoçar. O
que é que eu faço? Ainda tão longe?
– Não sei... devem estar a chegar.
– Alminha... esconde-te! ... Eh, alguém! Tu, rapariga! Anda cá, sua parva, por que estás com
medo? Daqui a nada chegam os oficiais. Diz-lhes que o senhor não está em casa, nem vai estar, que
saiu logo de manhã, ouviste? E avisa a criadagem toda, vai, rápido!
Disse isto e apanhou à pressa o roupão, e foi esconder-se na cocheira, supondo que lá estaria em
segurança. Porém, depois de se meter num canto do barracão, percebeu que também ali podia ser
visto. «Será melhor assim ... », passou-lhe pela cabeça e, num instante, baixou a estribeira da
caleche mais próxima, saltou para dentro, fechou as portinholas e o tejadilho, cobriu-se com o
avental, para maior segurança, e ali ficou, quietinho, enroscado e embrulhado no roupão.
Entretanto, as carruagens dos visitantes aproximaram-se da porta.
Saiu o general e sacudiu os ombros, atrás dele o coronel ajeitando o penacho do chapéu. Depois
saltou da charrete o major gordo, com o sabre debaixo do braço. A seguir saltaram do bon-voyage
os tenentes magrinhos e o alferes que viajara ao colo deles, e finalmente apearam-se dos cavalos os
galhardos oficiais.
– O meu amo não está – disse o lacaio saindo à soleira.
– Como é que não está? Mas volta para o almoço, não?
– Não, Excelência. O meu amo saiu por todo o dia. Talvez só volte amanhã para casa, a esta
hora.
– Irra, que coisa! – disse o general. – Como é possível?
– Francamente! – disse o coronel, rindo-se.
– Não, desculpem, como é possível fazer uma coisa destas? – continuou o general com
desagrado. – Chiça ... Diabo ... Se não podia receber, por que convidou?
- Não percebo, Excelência, como se pode fazer uma coisa destas – secundou um jovem oficial.
– Como? – disse o general, que tinha o hábito de utilizar este advérbio interrogativo quando
falava com um oficial subalterno.
– Digo eu, Excelência: como se pode proceder desta maneira:
– É natural ... Bom, não lhe foi possível, ou então, não sei ... Mas, ao menos, que avisasse, ou
não convidasse.
– Então, Excelência, nada a fazer, vamos embora! – disse coronel.
– Obviamente, não há outro remédio. Aliás, podemos ver caleche, mesmo sem ele.
Provavelmente não a levou. Eh, alguém! Tu, vem cá, amigo!
– Diga, meu senhor!
– És cavalariço?
– Sou, Excelência.
– Mostra-nos a caleche nova que o teu amo arranjou há pouco.
– Com certeza, faça o favor de entrar no barracão!
O general e os oficiais foram ao barracão.
– Deixem-me tirá-la um pouco para cá, porque está escuro.
– Chega, chega, está bom!
O general e os oficiais andaram à volta da caleche e examinaram minuciosamente as rodas e as
molas.
– Ora, nada de especial – disse o general – , a caleche é absolutamente vulgar.
– Sem graça nenhuma – disse o coronel –, não há nada especial nela.
– Não me parece que valha quatro mil rublos, Excelência – disse um dos jovens oficiais.
– Como?
– Estou a dizer, Excelência, que na minha opinião ela não vale quatro mil.
– Quatro mil?! Nem dois mil. Não tem absolutamente nada de especial. A não ser que haja
qualquer coisa lá dentro ... Por favor, amigo, abre o tejadilho ...
E apareceu diante dos olhos dos oficiais Tchertokútski, de roupão e enroscado de forma
invulgar.
– Ah-ah, afinal está cá! ... – disse o espantado general.
Dito isto, o general voltou a cobrir Tchertokútski com o avental, fechou as portinholas e foi-se
embora juntamente com os senhores oficiais.
Extraído do Livro “Contos de São Petersburgo”, colecção Biblioteca Editores Independentes
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